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Documento apresentou desenvolvimento como «novo nome da paz».

A encíclica ‘Populorum Progressio’, na qual o Papa Paulo VI apresentou o desenvolvimento como “o novo nome da paz”, completa hoje 50 anos.

O documento pontifício propunha a criação de “um grande Fundo mundial”, sustentado por uma parte da verba das despesas militares, para ir em auxílio dos “mais deserdados”.

Pedro Vaz Patto, presidente da Comissão Nacional Justiça e Paz (CNJP) realça a noção de “desenvolvimento humano integral” apresentada por Paulo VI, que inspirou o Papa Francisco a criar um novo organismo da Santa Sé, precisamente com esse nome.

“[A Populorum Porgressio] explicita como o desenvolvimento de todos os homens e do homem todo. Trata-se de ir de encontro à aspiração de realizar, conhecer e possuir mais, para ser mais. O desenvolvimento, pessoal e comunitário, é um dever que corresponde aos desígnios de Deus”, precisa o presidente da CNJP, em texto publicado no Semanário ECCLESIA.

Já António Bagão Félix, antigo presidente da Comissão Nacional Justiça e Paz, confessa que a ‘Populorum Progressio’ teve para si um impacto “muito grande” logo em 1967, como “estudante de economia e católico”.

Em entrevista à Agência ECCLESIA, o ex-ministro assinala que a proposta papal “era bastante fraturante” para o regime de Salazar, por exemplo, ao fazer a “clara distinção” entre colonização e colonialismo.

Para António Bagão Félix, aquando a publicação deste documento “não havia sequer” a noção do que hoje “anda nas bocas do mundo”, a globalização como “erosão” da noção de tempo e de espaço nas relações económicas, culturais, mediáticas.

Manuela Silva, também ex-presidente da CNJP, escreve por sua vez que a “vocação cristã de presença no mundo deve concretizar-se em iniciativas coletivas inovadoras e inspiradas no Evangelho”, como é proposto por Paulo VI, tendo em vista “um desenvolvimento integral” que hoje se denomina também de “humano e sustentável”.

Acácio Catarino, especialista em Doutrina Social da Igreja, recorda que a Populorum Progressio foi “amplamente difundida, profundamente estudada e teve continuidade e atualizações pontifícias” pela mão de João Paulo II, Bento XVI e Francisco, embora entenda que “a sua mensagem fundamental não foi assumida pela generalidade dos cristãos”.

João José Fernandes, director-executivo da ‘Oikos – Cooperação e Desenvolvimento’, assinala, por seu lado, o desafio deixado por Paulo VI de trabalhar na “promoção da paz” sem remeter-se a “uma caridade particular, de microrrelações, ignorando a necessidade de atuar, com justiça, sobre as condições sociais, económicas e políticas”.

G.I./Ecclesia:OC

 

CategoryIgreja, Papa, Pastoral

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