Secretário-geral da confederação internacional da organização católica fala num «barómetro» de humanidade.
A confederação internacional da Cáritas deu hoje início a uma caminhada de 1 milhão de quilómetros, em todo o mundo, em defesa dos migrantes e refugiados, uma iniciativa que se estende a vários países, incluindo Portugal.
“O encontro com os migrantes é provocador, mas é também o barómetro da nossa humanidade. Se rejeitamos os migrantes, eu penso que rejeitamos a humanidade e que rejeitamos Deus, também”, disse à Agência ECCLESIA o secretário-geral da ‘Caritas Internationalis’, Michel Roy, em Roma.
A campanha global começou, simbolicamente, no coração da Roma antiga, dentro da igreja de Santa Maria da Luz, ponto de referência para a comunidade latino-americana na capital italiana, com a presença do cardeal Luis Antonio Tagle, presidente da confederação internacional da Cáritas.
O cardeal filipino deixou votos de que esta caminhada mundial “seja um ato de comunhão, solidariedade, com milhões de pessoas que estão a caminhar, sem saber onde a sua viagem irá terminar”.
Para o responsável, a ideia de “Partilhar a Viagem” é simbólica, mas também “muito efetiva” para passar a mensagem de solidariedade, por parte da organização católica.
A Cáritas Portuguesa explica, em comunicado, que todas as comunidades são desafiadas a participar nesta peregrinação, “física e espiritual, através da qual todos poderão aprender mais sobre aquele que caminha a seu lado, construir relações e, ao mesmo tempo, transmitir uma mensagem de união aos líderes políticos”.
Juntas, todas as organizações Cáritas no mundo pretendem alcançar um máximo de 1 milhão de quilómetros.
A iniciativa em Roma reuniu vários bispos e participantes no Sínodo dos Jovens, além de migrantes e trabalhadores da organização católica.
A nigeriana Beauty chegou a Roma num percurso que passou pela Líbia e a ilha de Lampedusa, como milhões de pessoas, e lamenta o clima de populismo e crispação política que se vive.
“Estou aqui para falar em nome de todas as pessoas que não estão aqui e que precisam da nossa paz em Itália. Precisamos de paz e justiça. Sem paz, não estamos confortáveis e não temos liberdade”, assumiu.
Michel Roy alertou para as consequências de uma globalização que não teve como objetivo “o desenvolvimento humano integral que a Igreja deseja”, mas a criação de “uma riqueza que não é partilhada, que é açambarcada”.
O secretário-geral da Cáritas Internacional recorda que a maior parte das migrações são de proximidade, pelo que as pessoas que chegam à Europa são “uma pequena parte dos migrantes, no planeta”.
“Na Europa, depois nos Estados Unidos e num certo número de países, no planeta, em vez de se tomarem em consideração as consequências negativas da globalização – e de se entender que é preciso deixar que todas estas pessoas vivam dignamente -, pelo contrário, voltam a fechar-se as portas”, lamenta.
G.I./Ecclesia:OC