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Observatório Pastoral

 

Nos últimos decénios tem vindo a crescer o número de pessoas que não veem qualquer relação entre Deus e felicidade. Não uma felicidade em abstrato, mas a sua experiência pessoal de felicidade. Pelo contrário, até consideram que ambas – Deus e a religião – são obstáculos para uma vida feliz. Para alguns, a conclusão é inevitável: a religião está em crise! Aturdidos por este slogan, os crentes procuram ‘maquilhar’ a religião e ao próprio Deus, julgando que com esta ‘preocupação’ podem ‘defender’ a Deus dos ataques ‘ímpios’. Deus não precisa de grandes defesas, é o omnipotente, é o absoluto. Talvez, são os comportamentos dos crentes que devem ser revistos, analisados e repensados, a fim de serem um verdadeiro ‘espelho’ do Deus da Verdade. A religião não se pode classificar de ‘light’ se procura aliviar os fardos da humanidade, mas torna-se testemunha, quando suaviza, pela ajuda, a suportar as ‘cargas humanas’. A Boa Nova de Jesus não é sobrecarregar mais a humanidade de ‘novos e mais pesados fardos’ (cf. Lc 11, 46), mas de aliviar a sua condição para uma existência mais feliz, mais confiante, mais solidária (cf. Mt 11, 28-30).

Este caminho conduz a uma religião sem crise, mas que está inserida nas ‘crises escuras’ da humanidade, procurando ser, junto dela, uma senda de luz esperançosa. No percurso deste caminho existe uma tensão entre a ‘surdez espiritual’ e a abertura à voz do Espírito Santo. Esta tensão dialética exige de nós uma atenção acurada e permanente, uma revisão do pensamento e até de algumas das nossas crenças, argumentando ‘que sempre foram assim’. Só esta revisão atenta nos pode conduzir ao autêntico sagrado evitando o ‘fanatismo’ (fanum, significa ‘sagrado’, o templo).

A grande ‘pretensão’ de Deus é que o ser humano seja feliz (salvo) e a maior das aspirações do ser humano é ser feliz na vida, que lhe foi dada.

Esta felicidade não está distante, nem é ausência de obstáculos, como diz uma história tibetana de um homem que queria, a todo o custo, ir à Lua para ser feliz. Quando se concretizou este desejo, houve um problema e não pôde regressar à Terra, tendo oxigénio apenas para três dias. Nesse tempo, ansiava regressar à sua casa e ter uma vida simples e feliz. Chegou à conclusão que foi preciso ir à Lua para valorizar algo que teve sempre tão próximo. A tentação de ser ‘astronauta’ é grande: pensar que se tivermos isto ou aquilo seremos mais felizes, ou de estarmos noutro lugar, alcançaremos mais facilmente a felicidade. Talvez enganos e ilusões!

Ser feliz aqui e agora, neste tempo e neste espaço que me é proporcionado ‘ter’ e viver! É um desafio e um percurso, pois de quem servem os lugares e as circunstâncias, se nunca chegámos a nós próprios?

 

P.e Virgílio Rodrigues
CategoryDiocese, Pastoral

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