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Observatório Pastoral

 

Há muitas ideias preconcebidas associadas aos jovens. Há quem diga que o futuro é deles e que são a esperança, mas também há os saudosistas que dizem que “no nosso tempo é que era”, que os jovens de hoje andam perdidos, sem saber o que querem. Mas importa lembrar que o “nosso” tempo é agora, sempre foi.

Afinal, o que desejam os jovens de “ontem” aos jovens de hoje? Como se colocam perante as suas expectativas e desafios? São movidos pela esperança ou vivem agarrados ao passado?

Nunca poderemos esquecer a natureza da juventude, aquela que é impaciente, que questiona, que critica, que deseja ser livre, que é rebelde e que não se acomoda às respostas dadas para despachar. Os jovens de “ontem” não devem recear colocar-se ao lado dos jovens de hoje, eles necessitam de respostas, sejam elas boas ou más, eles estão preparados para elas e querem crescer com elas.

Não nos esqueçamos que os jovens, para além de estarem à escuta, devem ser protagonistas nas nossas comunidades, caso contrário nunca se sentirão parte delas. Que jovens queremos no mundo? Os que têm a esperança e que partem do interior de si, para transformar o mundo? Ou basta-nos os que não fazem muito barulho e que ficam no seu canto?

Precisamos de ir ao encontro dos jovens e falar a sua língua, sem filtros. Temos de ir à sua procura nos lugares onde estão, e ficar no meio deles, no seu espaço natural, como um pastor está junto das ovelhas. Que não consintamos que alguma se perca, até porque algumas vezes quem não sabe o que fazer, é quem tem o cajado.

Os jovens de hoje, tal como os de “ontem”, estão sedentos de confiança e esperança. Caminhar ao seu lado é a missão de cada um de nós, e a pressa com que Maria partiu, deve ser a pressa com que cada cristão se coloca junto dos jovens para os lembrar do quanto são amados e de como não fazem um caminho solitário.

Aceitemos os jovens de hoje na sua autenticidade e grandeza, porque, tal como dizia Ricardo Reis, para se ser grande, tem de se ser inteiro, nada de cada um exagera ou exclui, deve-se ser todo em cada coisa e pôr o quanto se é no mínimo que se faz.

Não fiquemos pelas nossas ‘hortas’, desacomodemo-nos e coloquemo-nos em saída. Urge acreditar, encorajar e abraçar todos os jovens, acolher cada um como é, e com o que tem. É no presente que os jovens precisam de nós. Sem receio, é agora que a vida está a acontecer.

Se a Igreja quer que os jovens estejam com ela, terá que em primeiro lugar a Igreja estar de facto com os jovens. Sejamos ouvidos e não tenhamos medo de escutar o que têm para dizer. Sejamos capazes de reconhecer o que sentem. Temos que abraçar os jovens e, neste abraço, insuflar o amor mais profundo e a esperança. Também temos de ser voz, aquela que fala de Jesus pelo testemunho e que transmite uma mensagem fundada no Evangelho.

Deixemos de nos centrar em nós e sejamos Jesus que a todos acolhe e abraça com um sorriso. Vamos olhar os jovens nos olhos e falar-lhes ao coração. Todos os espaços e todos os tempos contam.

Os jovens precisam de ti! Precisam de nós!

 

Lúcia Morgado
Secretariado da Pastoral Juvenil | Comité Organizador Diocesano de Viseu
CategoryDiocese, Pastoral

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