Open/Close Menu A Diocese de Viseu é uma circunscrição eclesiástica da Igreja Católica em Portugal

A família, também em Portugal, atravessa um “longo inverno”. Há algumas décadas que a sociologia anunciou a morte da família e muitos fatos e decisões concretas podem documentar que esta se vai debilitando progressivamente. Acrescente-se ainda as persistentes tentativas culturais e dos meios de comunicação, com apoios legislativos, que deslegitimam a família e frequentemente a descrevem como um lugar de tragédias e infelicidade. Os slogans que dizem que existem mais delitos nas famílias do que nos crimes organizados são de fato uma atitude de quem quer desacreditar a família e negar os seus valores humanos e espirituais.

A família é um grande recurso para o crescimento da pessoa humana, da sociedade e da missão da Igreja. E não é verdade que as famílias estruturadas sejam poucas, porque muitas das nossas famílias ainda são verdadeiros oásis e lugares de crescimento e estabilidade humana; são uma segurança nas dificuldades e fazem ver a beleza dos valores familiares.

É fundamental que hoje as famílias saibam o que são e o que valem, que se unam para darem razões dos valores familiares e reajam contra as outras instituições que querem empobrecer e destruir a instituição família. Tantos os principais jornais e canais televisivos como as produções cinematográficas continuam a propor uma visão de família distorcida, que assenta apenas nos sentimentos e paixões e desresponsabiliza de qualquer empenho e sacrifício. Já a Exortação Apostólica Familiares Consortio sublinha o que é fundamental: «A família tem a missão de se tornar cada vez mais aquilo que é, ou seja, comunidade viva e de amor, numa tensão que, como para cada realidade criada e redimida, encontrará a plenitude do Reino de Deus». (nº 17)

Quem hoje tem a coragem de escrever em favor da família? Quem hoje tem a coragem de fazer programas televisivos ou radiofónicos exaltando os valores da família? Penso que apenas a Igreja tem levantado a voaz contra os atentados que se fazem à família e continua a estar próxima de todas as famílias e em todos os momentos.

Os sacerdotes têm uma função importantíssima no apoio e acompanhamento das famílias que lhes são confiadas nas suas paróquias, especialmente, as famílias mais jovens. Estes não se devem deixar enganar pelo rumor criado à volta da família ou pelas tendências de momento nas relações familiares, pois se não estão convictos de que as famílias cristãs são o fermento na sociedade, deixam que o desencorajamento tome conta da sua ação pastoral e se fechem num legalismo impositivo. Por isso, há que dedicar mais tempo e atenção às famílias, apostando no diálogo franco e na escuta orante.

Infelizmente, tanto os governos de direita como os de esquerda continuam a não apoiar a família, esquecendo-se do que irão pagar no futuro por causa desta atitude populista.

Pe. José Carlos Nunes, In A minha paróquia de papel

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