A Diocese de Viseu é uma circunscrição eclesiástica da Igreja Católica em Portugal

Pelo segundo ano consecutivo a Bolsa de Turismo de Lisboa (BTL) integra um stand especificamente dedicado ao Turismo Religioso, no qual se reúnem promotores de diferentes quadrantes, sendo a maioria municípios, e, em representação da Igreja, a Pastoral do Turismo e o Secretariado Nacional dos Bens Culturais da Igreja. Os dados estatísticos dos últimos anos evidenciam uma significativa diminuição da frequência das igrejas para a oração e para as celebrações, contudo, em sentido inverso, o turismo com motivações religiosas, nomeadamente o católico, tem vindo a crescer a nível mundial, representando entre 15 a 20% do turismo em Portugal, justificando este investimento na divulgação das boas práticas neste setor.

Reconhecendo a relevância do turismo religioso, a Santa Sé e a Conferência Episcopal Portuguesa, têm acentuado a importância de se pensar o turismo como uma oportunidade para a pastoral e evangelização, estruturando orientações sobre a necessidade das dioceses organizarem serviços especificamente vocacionados para a Pastoral do Turismo.

É complexa a demarcação absoluta das fronteiras entre o turismo religioso e o turismo cultural, pois se em alguns turistas a deslocação aos espaços religiosos tem subjacente a motivação devocional em outros prevalece a motivação cultural, mas são em maioria os que associam os dois fatores.

Na diocese de Viseu há alguns santuários que são objeto de particular devoção por parte de um número significativo de fiéis, acompanhados por um calendário profícuo em festas e romarias.

A religiosidade popular, profundamente enraizada nestes locais, continua a ter uma assinalável capacidade de mobilização, gerando significativas deslocações das pessoas. Simultaneamente correspondem à crescente procura de novas experiências espirituais e de repouso em locais considerados especiais pelo seu significado sagrado. Como olhar para esta expressiva quantidade de turistas que entram nas igrejas, visitam os santuários, assistem às procissões e festas, e proporcionar-lhes os meios adequados para que a sua presença se densifique com o conhecimento e compreensão do verdadeiro sentido dos espaços e dos elementos artísticos que os integram, das imagens e símbolos que dão visibilidade ao invisível. O “passear” pelo espaço realizado pela maioria dos turistas, como se Deus não existisse, com a atenção focalizada naquilo que é fruto da ação do homem, a obra de arquitetura e as obras de arte que incorpora, esvazia esta experiência do essencial, é redutora naquilo que é a compreensão da verdade daquele local, que é fruto de um Deus Criador.

A diversidade e a abrangência do património da Igreja enquadram um potencial devocional, cultural e turístico que deve ser estruturado em atuações concertadas que proporcionem aos visitantes experiências enriquecedoras nos âmbitos espiritual e cultural. Isto só é possível em espaços cuidados, acolhedores, lugares de beleza e de descoberta humanizadora.

Devemos resgatar as potencialidades de comunicação dos espaços e do património da Igreja, reconhecendo-os como espaços de anúncio em permanência, não só para os peregrinos e turistas, mas também para as comunidades locais, também elas precisam de redescobrir estes espaços, vivenciar novas experiências evangelizadoras, que despertem ou reforcem a sua compreensão da fé. Quem nos visita deverá ser sempre bem acolhido, independentemente de ser ou não crente, e através do diálogo e não do confronto, poderá ficar a conhecer a Igreja de Cristo e a Boa Nova. Assim, o turista poderá interpelar-se e abre-se a possibilidade de um (re)encontro com o Evangelho.

Fátima Eusébio

Coordenadora do Departamento dos Bens Culturais da Diocese de Viseu

CategoryDiocese, Igreja

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