Celebremos com esperança, o 33.º Dia Mundial do Doente, a 11 de fevereiro.
A Mensagem do Papa Francisco dirigida aos doentes, aos seus cuidadores e famílias tem por tema: “A esperança não engana e fortalece-nos nas tribulações” (Rom 5,5).
O convite da Igreja a sermos “peregrinos de esperança” propõe a todos os batizados e aos doentes, em especial, a refletir sobre algumas questões que podem ser difíceis de aceitar e gerir, sobretudo a quem sofre. Como é que nos mantemos fortes quando somos feridos na carne por doenças graves, que nos incapacitam, e que talvez exijam tratamentos cujos custos vão para além das nossas possibilidades? Como fazê-lo quando, o nosso sofrimento e o daqueles que nos amam, se sentem impotentes para nos ajudar? Em todas estas circunstâncias, sentimos a necessidade de um apoio maior do que nós: precisamos da ajuda de Deus, da sua graça, da sua Providência, daquela força que é dom do seu Espírito (cf. Catecismo da Igreja Católica, 1808).
O Papa convida-nos, a partir deste texto, a refletir sobre a presença de Deus junto de todos os que sofrem, valorizando as palavras: “o encontro, o dom e a partilha”.
O “encontro” com cada doente deve proporcionar uma presença da “nossa fragilidade – física, psíquica e espiritual – de criaturas, por outro lado experimentamos a proximidade e a compaixão de Deus, que em Jesus participou do nosso sofrimento”.
Deus nunca nos abandona no sofrimento e dá-nos o dom da tenacidade que está muito além das nossas forças. A doença torna-se, muitas vezes, na nossa vida a grande oportunidade para o encontro que transforma, que cura as nossas feridas interiores e acalma as tempestades da nossa existência.
Todos temos o direito a ser tratados com as melhores práticas médicas e cuidados de enfermagem humanizantes. Todos os profissionais de saúde, médicos, enfermeiros, técnicos, capelães, assistentes espirituais, familiares e voluntários devem ajudar os doentes a fazer este encontro consigo mesmo, com Deus e com os outros. Esta é a grande esperança do doente, ver satisfeitas as suas necessidades e ser compreendido como pessoa para alcançar a saúde do corpo e da alma.
Sob o olhar e a proteção da Virgem Maria, cuidadora dos doentes, devemos acolher o “dom” do sofrimento, promover a dignidade e o valor da vida humana, e dar sentido cristão à doença.
“Efetivamente, em nenhuma outra ocasião como no sofrimento, nos damos conta que toda a esperança vem do Senhor e que, assim sendo, é antes de mais um dom a acolher e a cultivar, permanecendo fiéis à fidelidade do Senhor”.
O cuidado que devemos ter com os doentes e a capacidade de entrega de cada um, ao serviço do outro, deve abrir também a nossa vida ao dom sobrenatural, espiritual e humano. No dom, a “esperança é uma luz na noite”, onde o reflexo do amor de Deus, que culmina na encarnação do Filho Jesus, pela graça do Espírito Santo, nos “restitui a coragem e a confiança”.
A “partilha” é muito importante no horizonte dos cuidados a prestar aos doentes, na aplicação de terapêuticas prescritas para aliviar a dor e os sofrimentos experimentados. Um bom acolhimento, a prática da escuta, a partilha e os melhores tratamentos oferecem segurança aos doentes e são fonte de esperança.
A humanização dos cuidados de saúde, a promoção da verdadeira qualidade de vida e o cuidar com a ciência e o coração desafiam-nos a sair do nosso egocentrismo e do nosso individualismo, lutando contra a cultura do descartável e da indiferença.
Assim, o “dom” torna-se modelo de entrega, de serviço, de comunhão, de empatia, de compreensão e de ternura.
Quantas vezes se aprende a escutar, a acolher, a esperar e a partilhar à cabeceira de um doente. Quantas vezes se aprende a acreditar junto de quem sofre! “Quantas vezes descobrimos o amor inclinando-nos sobre quem tem necessidades! Ou seja, apercebemo-nos de que todos juntos somos anjos de esperança, mensageiros de Deus, uns para os outros: doentes, médicos, enfermeiros, familiares, amigos, sacerdotes, religiosos e religiosas. E, isto onde quer que estejamos: nas famílias, nos ambulatórios, nas unidades de cuidados, nos hospitais e nas clínicas” (cf. Mensagem, nº 3).
Confiemos ao bom Samaritano os doentes, a humanidade frágil e sofredora em cada um. Valorizemos o Dia Mundial do Doente com celebrações nos hospitais, clínicas, unidades de saúde, lares, misericórdias, centros sociais paroquiais, em casa e onde se encontre alguém tocado pelo sofrimento. A visita a um doente e a alguém que vive sozinho é um grande dom de esperança.
Rezemos por todos os doentes para que, confiando em Deus, vivam a esperança que não engana.
Valorizemos a pastoral da saúde na nossa Diocese, nas nossas paróquias e nas instituições sob a proteção da Bem-Aventurada Virgem Maria, Saúde dos Enfermos. Amém.
+ António Luciano, Bispo de Viseu