Irmã Maria de Guadalupe está em Alepo onde a guerra civil mais tem «castigado» as populações.
A irmã Maria de Guadalupe diz que os cristãos na Síria mantêm-se firmes na sua fé e na sua esperança em Deus, apesar do “drama da guerra e da perseguição” que vivem há mais de cinco anos, às mãos do auto-proclamado Estado Islâmico.
Em declarações veiculadas hoje pela Fundação Ajuda a Igreja que Sofre, a religiosa argentina destaca que a convicção cristã vai até à medida de estarem “dispostos a dar a sua vida e a que lhes cortem a cabeça por testemunharem Jesus Cristo”.
Há 18 anos no Médio Oriente, a irmã do Instituto do Verbo Encarnado está atualmente como missionária na cidade de Alepo, “talvez a cidade mais castigada durante todos estes anos”.
Maria de Guadalupe frisa o seu empenho em “estar próxima daqueles que sofrem, mesmo depois de lhe darem a possibilidade de ir embora quando a guerra eclodiu”.
“A alegria, a esperança, até o seu sorriso, a paz: acredito realmente que Deus lhes concede como presente pela sua generosidade, pela sua força para dar este testemunho até às últimas consequências”, aponta a religiosa.
“Eles são os mártires do nosso tempo”, acrescenta ainda a missionária, para quem é necessário continuar a rezar e a divulgar esta situação”, no contexto da região e no plano internacional.
“Toda esta perseguição aos Cristãos é muito abafada, muito escondida, e nesse sentido o Cristianismo ocidental tem pouco acesso ao que está realmente a acontecer, porque os meios de comunicação mais importantes a nível internacional não o estão a divulgar e isso não é uma coincidência”, alerta Maria de Guadalupe.
São vários os apelos e mensagens relativamente à situação na Síria, e mais concretamente em Alepo, que têm chegado à Fundação AIS.
As Irmãs Carmelitas Descalças presentes em Alepo denunciam os “ferozes embates entre o governo sírio e os grupos de rebeldes que se lhe opõem”, e que colocam em risco a vida das populações.
“Quando o exército sírio tenta impedir a oposição e outros grupos de entrar na cidade, os bombardeamentos e os disparos estão muito próximos de nós”, conta a irmã Anne Françoise.
“Mas não vamos abandonar o povo que está a sofrer”, garante a religiosa.
Desde o início da guerra, em 2011, mais de 160 mil cristãos fugiram de Alepo e da Síria, restando agora pouco mais de 40 mil.
“O Médio Oriente, a terra de Cristo, arrisca-se agora a ficar sem cristãos. Isso é impensável e, contudo, a situação é verdadeiramente terrível. E mesmo para aqueles que se vão embora, a crise não acaba. Ficam desenraizados e muitas vezes perdem também as suas raízes espirituais”, lamenta a religiosa.
A irmã Anne Françoise deixa um apelo, em nome da sua congregação: “Por favor, tenham piedade destes milhares de vidas desfeitas pela guerra. Por favor, não se esqueçam de nós. Precisamos das vossas orações e da vossa ajuda prática!”, exorta.
G.I./Ecclesia:JCP