O presidente da confederação internacional da Cáritas, Cardeal Luís António Tagle, disse à Agência ECCLESIA que a crise de refugiados exige “uma solução humana” por parte dos líderes internacionais, com respostas “políticas, diplomáticas, humanitárias”, sublinhando que, na guerra, todos perdem.
“Não se resolve o problema dos refugiados nem os conflitos que lhes estão ligados com a guerra. Toda a gente perde, na guerra”, advertiu o cardeal filipino D. Luis Antonio Tagle, em Fátima, onde marcou presença para falar aos participantes na assembleia-geral da Ordem dos Carmelitas.
O responsável sublinha que o Papa Francisco e a Igreja Católica “não estão a levantar a sua voz como líderes políticos” na questão dos refugiados.
“O Santo Padre é muito claro, ele está a dar voz ao Evangelho, sobretudo ao Evangelho sobre a dignidade de cada ser humano”, precisa.
Para o cardeal Luis Antonio Tagle, está em causa a “dignidade” de seres humanos que perderam tudo, que “não são apenas estrangeiros, são irmãos e irmãs”.
O responsável admite que este é um assunto “muito complexo” com vários pontos de vista, na Europa, mas reforça a ideia de que a Igreja Católica manifesta “preocupações humanitárias” e não político-partidárias.
O presidente da ‘Caritas Internationalis’ já esteve na a Grécia para aferir a forma como está a decorrer o apoio a pessoas e famílias vindas de países como a Síria, o Afeganistão ou o Iraque.
O cardeal filipino entende que é preciso refletir sobre o nexo entre pobreza e falta de paz, lamentando que a riqueza esteja confinada às mãos de alguns.
“Como é que os pobres não desfrutam dos benefícios do desenvolvimento?”, questiona.
D. Luis Antonio Tagle observa que a Igreja entra nestes debates “como consciência” e deixa um apelo: “Vamos rever os nossos sistemas económicos, sociais, políticos, educativos”.
O entrevistado deixou ainda uma reflexão sobre o Jubileu da Misericórdia, convocado pelo Papa Francisco para recordar a “relação de Deus” com cada pessoa, o seu amor, “num mundo onde há tanto terror, medo, impaciência” e “barreiras”.
Na sua quarta visita a Portugal, o cardeal Tagle elogiou a “simplicidade” do povo português e lembrou que em 2012 as Filipinas vão celebrar o 500.º aniversário da chegada de Fernão de Magalhães.
A ligação às Filipinas ao país faz-se também através de Fátima, que recebe muitos peregrinos do país asiático.
“A imagem peregrina de Nossa Senhora de Fátima já visitou as Filipinas várias vezes, porque o povo filipino está muito ligado à Virgem Maria”, explica o responsável.
D. Luis Antonio Tagle falou esta terça-feira na reunião magna da Ordem dos Carmelitas, que decorre em Fátima até 1 de outubro, abordando o tema ‘Missionários da ternura e do amor de Deus’.
G.I./Ecclesia:HM/OC