Primeiro discurso de Francisco em Tbilisi convida ao diálogo contra «extremismos violentos».
O Papa sublinhou hoje na Geórgia a identidade europeia deste país do Cáucaso, uma “ponte natural” para a Ásia que tem sido, ao longo da história, local de “encontro e intercâmbio vital” entre culturas e civilizações.
“Qualquer distinção de caráter étnico, linguístico, político ou religioso, longe de ser utilizada como pretexto para transformar as divergências em conflitos e estes em tragédias sem fim, pode e deve ser, para todos, fonte de enriquecimento recíproco em benefício do bem comum”, defendeu, no primeiro discurso pronunciado em solo georgiano.
Francisco falava no Palácio Presidencial de Tbilisi, uma hora e meia depois de ter chegado ao país para uma visita que se prolonga até à manhã de domingo, dia em que o pontífice argentino segue para o Azerbaijão.
Perante autoridades políticas, representantes da sociedade civil da Geórgia e membros do corpo diplomático, o Papa sublinhou que este é um “país a pleno título e de modo fecundo e peculiar no leito da civilização europeia”.
“Ao mesmo tempo, como evidencia a sua posição geográfica, é quase uma ponte natural entre a Europa e a Ásia”, acrescentou.
Francisco denunciou “extremismos violentos” que manipulam e princípios de natureza civil e religiosa, “pondo-os ao serviço de obscuros desígnios de domínio e morte”.
O Papa recordou depois a situação dos refugiados e migrantes, pedindo que todos tenham a “possibilidade de viver em paz na sua terra ou de regressar a ela livremente”.
A intervenção sublinhou depois a importância do “diálogo e a troca de ideias e experiências entre mundos diversos”, como tem acontecido historicamente na Geórgia.
Num país de maioria ortodoxa, o Papa elogiou a presença cristã desde o início do século IV, neste território, bem como os “grandes sacrifícios” que os georgianos fizeram para recuperar a sua independência, há 25 anos, após a queda da URSS.
O discurso aludiu indiretamente às tensões com a Rússia, ao pedir “o respeito das prerrogativas soberanas de cada país, no quadro do direito internacional”.
Francisco apelou a uma “coexistência pacífica” entre todos os povos e Estados da região, antes de referir as “boas relações” que a Geórgia “sempre manteve com a Santa Sé”.
O discurso concluiu-se com votos de que exista um “um diálogo renovado e mais intenso” entre a Igreja Católica, a Igreja Ortodoxa Georgiana antiga e as outras comunidades religiosas do país.
O primeiro dia de viagem vai prosseguir no Palácio do Patriarcado Ortodoxo, num encontro com Elias II, ‘catholicos’ e patriarca de toda a Geórgia.
G.I./Ecclesia:OC