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Papa Francisco rejeita qualquer guerra em nome de Deus.

O Papa Francisco defendeu que a religião deve manter o seu espaço na vida pública, numa relação de “sã laicidade” com o Estado, reforçando a sua rejeição da violência em nome de Deus.

“Há uma sã laicidade, por exemplo, a laicidade do Estado. Em geral, o Estado laico é bom, é melhor do que um Estado confessional, porque os Estados confessionais acabam mal”, referiu, numa entrevista ao semanário católico belga ‘Tertio’, divulgada hoje.

O pontífice argentino distingue esta laicidade do “laicismo” que “fecha as portas à transcendência”, uma dimensão que, para o Papa, faz “parte da essência humana”.

“Uma cultura ou um sistema político que não respeite a abertura à transcendência da pessoa humana poda, corta a pessoa humana”, precisou.

Francisco sustentou que a ideia de “remeter para a sacristia” qualquer ato de transcendência é “uma assepsia”.

A entrevista aborda depois a preocupação com o diálogo inter-religioso, com o Papa a reafirmar que “nenhuma religião como tal pode fomentar a guerra”.

“Não se pode fazer a guerra em nome de Deus ou em nome de uma atitude religiosa. Não se pode fazer a guerra, em nenhuma religião. Portanto, o terrorismo, a guerra, não estão relacionados com a religião, usam-se deformações religiosas para a justificar”, explicou.

No centenário da I Guerra Mundial, Francisco lamenta que o apelo de “guerra nunca mais” não tenha sido “levado a sério”, porque se vive numa “terceira guerra mundial” com conflitos na Ucrânia, Médio Oriente, África ou Iémen.

“Hoje em dia fazem falta líderes. A Europa precisa de líderes, líderes que avancem”, refere.

A entrevista tem como pano de fundo a recente celebração do Jubileu da Misericórdia (dezembro 2015-novembro2016), uma ideia que o Papa confessa ter tido “de repente”, na sequência da atenção que os seus predecessores dedicaram ao tema.

Aos padres, pede que “tenham ternura”, num mundo que “padece a doença da cardiosclerose”, sem vergonha de estar perto do “sangue sofredor de Jesus”.

Francisco fala depois do que entende por “Igreja sinodal”, ou seja, onde “Pedro [o Papa] é Pedro, mas acompanha a Igreja e a faz crescer, escuta-a”, à imagem do que aconteceu nas assembleias do Sínodo dos Bispos, sobre a família (2014, 2015).

O Papa conclui com o desejo de que os meios de comunicação sejam “muito limpos e muito transparentes”, porque são capazes de fazer “um bem imenso.”

“Sem cair – não se ofendam, por favor, na doença da coprofilia, que é procurar sempre comunicar o escândalo, comunicar as cosas feias, mesmo que seja verdade”, alertou.

G.I./Ecclesia:OC

CategoryIgreja, Papa

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