Padre Francisco Couto recorda visita do Papa João Paulo II, em 1982, e evoca uma história que antecipou a instituição de um dos dogmas do catolicismo.
O Santuário de Nossa Senhora da Conceição, em Vila Viçosa, Arquidiocese de Évora, é um dos marcos mais significativos da devoção portuguesa a Maria e à festa da Imaculada Conceição, que hoje se assinalou.
Em entrevista à Agência ECCLESIA, o reitor daquele santuário destaca um local de culto que ao longo do ano é visitado por “milhares de peregrinos e turistas”, que já recebeu “um Papa”, João Paulo II em 1982, e cuja história antecipou a instituição de um dos principais dogmas da Igreja Católica.
Em 1646, depois de assegurada a independência portuguesa de Castela, o rei D. João IV ligou esse feito à intercessão de Maria e consagrou Nossa Senhora da Conceição como padroeira de Portugal.
“Reza a história que deixou de usar coroa e concedeu uma réplica da sua coroa à imagem que veneramos atualmente no Santuário”, conta o padre Francisco Couto, que destaca a ligação deste acontecimento à decisão da Santa Sé em adotar como dogma a ‘imaculada conceição’ de Maria, em 1854, durante o pontificado do Papa Pio IX.
“Portugal já era palco de uma discussão ligada à Imaculada Conceição, e é magnífico perceber que um reino e o seu rei se dobram diante desta que é mãe e mãe da Igreja, sinal e símbolo da Igreja”, considera o sacerdote.
O reitor do santuário eborense diz ainda que Maria pode ser padroeira de muitas nações, mas “um gesto” como o de D. João IV “não se encontra” em mais nenhum “local ou país”.
“Em que um rei entende que a sua grande rainha é Maria, que ela é padroeira, e tudo o que o reino tem conseguido resulta de facto de uma proteção maternal de Maria”, reforça.
Situado no interior do castelo de Vila Viçosa, o santuário nasceu graças ao contributo de D. Nuno Álvares Pereira, hoje São Nuno de Santa Maria.
Foi esta figura histórica nacional que mandou erguer a igreja de Nossa Senhora do Castelo e consagrou aquele templo (o santuário primitivo) a Nossa Senhora da Conceição, depois de ter derrotado as forças castelhanas na batalha de Aljubarrota, em 1385.
“Ele gostava muito de vir aqui e rezar, apaixonou-se por este lugar porque era um apaixonado também por Nossa Senhora, atribuía todas as suas vitórias à sua intercessão. A imagem que veneramos aqui foi trazida por ele para Portugal”, realça o padre Francisco Couto.
Um dos momentos mais especiais do Santuário de Nossa Senhora da Conceição, em Vila Viçosa, foi vivido em 1982, com a vinda do Papa João Paulo II a este local.
“Um dia grande que os habitantes ainda hoje recordam com saudade mas também com alegria e beleza”, acrescenta o sacerdote, que releva a importância que este santuário alentejano continua a ter, mesmo depois do surgimento de outros santuários marianos em Portugal, ao longo dos séculos, como o Santuário de Fátima.
Por ano, acorrem a Vila Viçosa cerca de 8 mil peregrinos, nacionais e estrangeiros, com relevo para países como Itália e Angola.
“Há gente que às vezes pode nem participar na Missa de domingo, é engraçado, mas a devoção é grande e acorre aqui muita gente”, frisa aquele responsável.
O tema está hoje em destaque na emissão do Programa ECCLESIA na RTP2, a partir das 15h30.
G.I./Ecclesia:HM/JCP