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Eurodeputada Ana Gomes critica esquecimento dos princípios fundadores da União Europeia.

O professor João Ferreira do Amaral defendeu hoje que a Europa tem capacidade para acolher refugiados num número “muito superior ao que tem sido divulgado” sublinhando tratar-se de uma “questão política e não económica”.

“Não há do ponto de vista económico nenhum impedimento para acolher mais refugiados”, afirmou o professor catedrático do Instituto Superior de Economia e Gestão em declarações à Agência ECCLESIA durante o encontro de Agentes Sócio-Pastorais das Migrações.

Com o envelhecimento da população “a Europa precisa nas próximas décadas de trabalho vindo de outros pontos do mundo”, indicou o professor, caso contrário “não vai sequer atingir o baixo crescimento que tem conseguido”.

João Ferreira do Amaral indica o contributo para a “criação de riqueza na Europa” e critica o “debate enviesado” que tem acontecido sobre “a suposta inconveniência dos migrantes económicos. Não faz sentido”.

O tema «Refugiados, euros ou pessoas?» que tem conduzido o encontro, a decorrer em Leiria, juntou esta manhã a eurodeputada Ana Gomes e o Alto-comissário para as Migrações, Pedro Calado que sustentou a existência de uma Europa que luta “pelos direitos humanos” num mundo “relativamente doente”.

“A perceção que muitas pessoas refugiadas têm da Europa é que se trata de um dos últimos bastiões dos direitos humanos, regendo-se por um conjunto de princípios que felizmente ainda nos vamos pautando, num mundo que está relativamente doente. Vemos como em outras latitudes proliferam discursos populistas a questionar os pilares dos direitos humanos”, afirmou à Agência ECCLESIA Pedro Calado.

O responsável criticou a forma como se aborda a questão dos refugiados, um tema “fraturante” e com diferentes perceções, consoante a geografia onde nos encontramos.

“Dentro da Europa é um tema fraturante que mediante os contextos em que se desenvolve ganha percepções diferentes: um habitante numa vila grega ou numa cidade do norte da Europa”.

O caminho, indica Pedro Calado, passa por deixar de lado uma “visão fracionada da realidade” que é “fomentadora dos medos de quem está no local a assistir a este fenómeno” e procurar uma “resposta global”.

A eurodeputada Ana Gomes criticou a falta de visão europeia que coloca em causa os princípios fundadores do projeto Europa.

“É inaceitável que vários líderes europeus ponham hoje em causa os princípios mais elementares de apoio aos refugiados, da distribuição das responsabilidades pelo diversos países. É um sinal de como os fundamentos da União Europeia estão a ser postos em causa”, assumiu à Agência ECCLESIA a eurodeputada.

Recordando que o projeto europeu é “para as pessoas e pelas pessoas” Ana Gomes referiu que a Europa “está vinculada com obrigações morais, legais, históricas de dar proteção a quem precisa dela”, nomeadamente a quem foge da guerra ou da opressão e miséria.

“As pessoas são mais importantes e nada faz sentido se não se tiverem em conta as pessoas”.

Ana Gomes afirma faltar “solidariedade à Europa, não apenas em matéria de refugiados”.

“Nós portugueses, com as políticas da austeridade, percebemos que o que está em causa está para além ao acolhimento”.

No entanto, indica, acolher “é uma questão prioritária porque são pessoas em grande necessidade e é nossa obrigação moral e histórica dar-lhes a mão”.

O encontro de agentes sócio-pastorais das migrações, que termina amanhã, prossegue durante a tarde com o especialista em assuntos europeus, António Vitorino, e o coordenador da Plataforma de Apoio aos Refugiados, Rui Marques.

CB/LS

CategoryIgreja, Pastoral

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