Papa Francisco alertou hoje para o «contratestemunho» na Vida Consagrada.
O Papa Francisco referiu-se ontem à falta de vocações na Vida Consagrada, salientando que “a vocação, tal como a fé, é um tesouro em vaso de barro” que tem de ser acalentado e preservado.
Numa audiência com membros da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica, reunidos em assembleia-geral no Vaticano, o Papa argentino admitiu a “hemorragia” que hoje “enfraquece a vida consagrada e a própria vida da Igreja Católica.
De acordo com o serviço informativo da Santa Sé, Francisco apontou várias causas que contribuem para as situações de “abandono” da vida religiosa ou sacerdotal, a começar pela atual “cultura do provisório” que faz com que as pessoas “tenham sempre abertas portas laterais para outras possibilidades”.
Um contexto que “alimenta o consumismo e esquece a beleza de uma vida simples e austera, provocando muitas vezes um grande vazio existencial”, apontou.
O Papa apontou também como causa “uma sociedade onde as regras económicas substituem as leis morais, ditam e impõem seus próprios sistemas de referência em detrimento dos valores da vida”.
Segundo Francisco, “não faltam jovens generosos, solidários e comprometidos em nível religioso e social; jovens que buscam uma vida espiritual, que têm fome de algo diferente do que o mundo oferece”.
No entanto, essa busca dos mais novos perde-se muitas vezes na lógica do mundanismo, na busca do sucesso a qualquer preço, do dinheiro e do prazer fáceis”.
O que fazer para contrariar esta realidade? Na sua intervenção, o Papa desafiou os membros da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica a assumirem o “compromisso de estar ao lado dos jovens” e de “contagiá-los com a alegria do Evangelho e da pertença a Cristo”.
Esta cultura deve ser evangelizada”, frisou Francisco, que alertou ainda para as “situações de contratestemunho que tornam difícil” cativar as pessoas para a vida consagrada e para a entrega a Deus.
“Tais situações”, como a rotina, o cansaço, o peso de gestão das estruturas, as divisões internas, a “sede de poder” têm de ser contrariadas caso “a vida consagrada queira manter a sua missão profética e o seu encanto”, sustentou.
O encontro da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica em Roma tem como tema principal “a fidelidade e os abandonos”.
Francisco considerou essencial reforçar “o acompanhamento” dos candidatos à vida consagrada, bem como investir na “preparação de assistentes qualificados para este ministério”.
“Muitas vocações se perdem por falta de bons líderes. Todas as pessoas consagradas precisam ser acompanhadas em nível humano, espiritual e profissional. Aqui entra o discernimento que exige muita sensibilidade espiritual”, concluiu.
G.I./Ecclesia:JCP