«É importante que a sociedade olhe para os militares e policias com outros olhos», diz D. Manuel Linda
A Diocese das Forças Armadas e das Forças de Segurança prepara-se para assinalar 50 anos de assistência religiosa organizada no meio militar em Portugal, sendo que os primeiros capelães militares concluíram o curso em 1967.
Em entrevista hoje à Agência ECCLESIA, o bispo das Forças Armadas e das Forças de Segurança destaca um aniversário que representa “um marco muito importante” para a Igreja Católica, na sua missão de apoiar um setor fundamental para “assegurar este bem inegociável que é a paz, a segurança”.
“A série de atentados, a instabilidade mundial, a violência que se apregoa ao nível de todo o mundo deve levar a sociedade a olhar para os militares e os polícias com outros olhos, a ver que eles asseguram um bem de que a sociedade não pode abrir mão”, salienta D. Manuel Linda.
O primeiro curso de capelães decorreu na Academia Militar em Lisboa, entre 21 de agosto e 17 de setembro de 1967.
Participaram neles 58 sacerdotes com o posto de Aspirante a Oficial, 50 dos quais foram destinados para o Exército, 4 para a Força Aérea e 4 para a Marinha.
Sobre o trabalho que a Igreja Católica faz neste meio, D. Manuel Linda destaca a importância do trabalho de “evangelização”, o reforço da “dimensão ética, da dimensão moral” que deve estar presente, mas também o acompanhamento espiritual e humano de todas estas pessoas, que têm de lidar com contextos de dificuldade, de “violência”.
Nesse âmbito entra uma especial sensibilidade para desafios que também atingem o meio militar, muitas vezes resultantes de situações traumáticas de guerra, como “as toxicodependências, o alcoolismo, as tentativas de suicídio”.
“Os capelães, no tempo da paz mas também da guerra, esforçam-se por ser companheiros de percurso dos militares”, frisa o responsável pelo Ordinariato Castrense.
Atualmente, a Diocese das Forças Armadas e das Forças de Segurança conta com “27 capelães militares no ativo”, e outros 10 em situações distintas, por exemplo sacerdotes “já reformados mas que continuam a dar a mesma assistência”, ou outros que “sendo civis e de forma voluntária, sem qualquer salário, dão a sua assistência”.
Vários dos primeiros capelães militares do país estão vivos e vão ser homenageados como “pioneiros” desta missão, no próximo dia 23 de outubro, data da festa litúrgica de S. João de Capistrano, o santo patrono dos capelães militares.
Sobre os principais desafios com que hoje se debatem os capelães militares, D. Manuel Linda aponta “a evangelização dos jovens” militares.
“A nova geração que aí vem é cheia de valores, é cheia de formação, é gente boa mas participa da cultura deste tempo, que infelizmente não é muito a favor da dimensão religiosa”, refere o bispo.
Esta é aliás, aponta D. Manuel Linda, uma “preocupação” que vem expressa no plano pastoral do Ordinariato Castrense para este ano 2017-2018.
G.I./Ecclesia:JCP