Iniciativa inserida no Centenário das Aparições.
A Ordem do Carmo e a Ordem dos Carmelitas Descalços promoveram um congresso internacional em Fátima, dedicado ao Centenário das Aparições, iniciativa que destacou a “atualidade” que o evento da Cova da Iria veio dar ao carisma carmelita.
Em entrevista à Agência ECCLESIA, o prior geral da Ordem do Carmo recordou que “desde o início os carmelitas tiveram” em Maria uma “figura inspiradora” para a sua existência e ação no mundo, para a “escuta da palavra”, para a “fraternidade” e para o “serviço” junto dos povos.
“E este centenário é uma ocasião para fazer chegar esta dimensão do nosso carisma à Igreja e ao povo de Deus”, apontou o frei Fernando Millán.
Ao contrário de outras ordens religiosas, que têm como patrono a figura, o fundador da congregação, “os primeiros carmelitas, eremitas do Monte Carmelo (em Israel), escolheram como patrona Nossa Senhora”.
“Eram os irmãos da bem-aventurada Virgem Maria”, lembrou o frei Pedro Ferreira, provincial dos Carmelitas Descalços em Portugal, que considerou fundamental “aprofundar tudo o que diz respeito à mãe da Igreja e dos Carmelitas”.
800 anos depois da sua fundação, os carmelitas enfrentam vários desafios, a começar pela “mudança” da realidade “geográfica” da Ordem, antes muito presente na Europa e hoje em “crescimento em continentes como a Ásia e África”.
O segundo desafio diz respeito à “revitalização da congregação na Europa”, onde continua a estar presente “a fatia maior da Ordem” mas cuja ação, alertou o frei Fernando Millán, requer um novo impulso.
Daí a importância deste congresso que decorreu entre 15 e 17 de setembro, com o apoio de vários especialistas, subordinado ao tema “Maria Mãe do Carmelo”, e que contou com a participação de carmelitas vindos de vários continentes.
“Quisemos contagiar as nossas famílias, carismáticas, religiosas, com esta chama, este clarão que se abriu aqui em Fátima”, frisou o padre Joaquim Teixeira, da Ordem dos Carmelitas Descalços.
Segundo este responsável, “os pontos de contacto” entre o Carmelo e Fátima “são mais do que evidentes”, entre os quais a própria irmã Lúcia, uma das videntes da Cova da Iria, que “escolheu o recolhimento, o silêncio do Carmelo” em Coimbra “para viver a mensagem” que tinha recebido de Nossa Senhora.
“Ela reconheceu que o Carmelo e os mestres do Carmelo, esta tradição carmelita, a iria também ajudar a encontrar palavras, experiências, noutros santos, noutros mestres desta Ordem, para que ela melhor pudesse também transmitir a mensagem de Fátima ao mundo”, salientou.
Ainda sobre esta questão, o padre Saverio Cannistrà, superior-geral da Ordem dos Carmelitas Descalços, destacou a relevância da formação, que para o religioso tem de ser “uma atitude permanente da sua vocação”.
“Creio que há uma atualização do carisma carmelita, na experiência de Fátima”, complementou.
G.I./Ecclesia:CB/JCP