Secretário da CEP felicita bombeiros que estão «no limite das suas forças físicas».
O secretário da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) apelou ontem à “mudança de mentalidade” na prevenção dos incêndios e afirmou que é de lamentar a “calamidade” dos incêndios que continuam ativos, manifestando solidariedade às vítimas.
“É apelar a que haja mudança de mentalidade, esta prevenção, e também apelar a que as entidades ajam de acordo em relação aos responsáveis e o próprio Governo já disse que há mão criminosa nisto tudo”, disse o padre Manuel Barbosa em declarações à Agência ECCLESIA.
Pelo menos 27 pessoas morreram nos mais de 500 incêndios que deflagraram no domingo, revelou a Autoridade Nacional da Proteção Civil (ANPC).
Segundo a ANPC, este domingo foi o pior dia do ano em número de incêndios ativos.
O porta-voz da CEP observou que é “impensável que isto aconteça”, considerando “dever do Estado cuidar” das populações afetadas, prevenir e “agora atender, acorrer às situações mais calamitosas”.
“É dever do Estado e tem de o fazer, não se pode demitir das suas responsabilidades”, frisou o padre Manuel Barbosa.
“Já estamos em outubro, as coisas vão correndo e infelizmente o tempo tem proporcionado a continuação desta calamidade, mas não pode ser”, acrescentou.
O secretário da Conferência Episcopal Portuguesa sublinhou que “é preciso agir” e recordou o que o arcebispo de Braga, D. Jorge Ortiga, escreveu na sua conta da rede social Twitter: “Portugal está a arder! Basta de discursos e boas intenções! É imperioso apurar responsabilidades e agir”.
O padre Manuel Barbosa realçou a necessidade de punir mãos criminosas “de acordo com o crime” e “tratar das florestas, não só no gabinete mas no terreno”.
“Todas as entidades, todos aqueles que estão envolvidos, estejam sintonizados com tudo isso”, pediu.
O sacerdote salientou a disponibilidade da Igreja Católica, de “todas as instituições”, e deu como exemplo o bispo da Guarda, D. Manuel Felício, que presidiu este domingo a uma Missa na igreja de Vinhó onde esteve cercado pelas chamas e pediu soluções manifestando disponibilidade para vigiar o “património”.
Neste contexto, o porta-voz da CEP deu também como exemplo, em Gouveia, o convento das religiosas e o seminário dos padres de São João Batista, em risco de arder, que manifestaram uma “atitude de solidariedade, a ajudar, apoiar as populações”.
“Apelo a que estes princípios sejam concretizados, levados à prática, apurando responsabilidades, prevenindo, combatendo incêndios e continuando esta onda que tem de ser de solidariedade para com as vítimas que infelizmente continuam a acontecer”, desenvolve o padre Manuel Barbosa.
A Conferência Episcopal Portuguesa publicou a 27 abril deste ano a nota pastoral ‘Cuidar da casa comum – prevenir e evitar os incêndios’, onde alerta para o “flagelo” dos incêndios e pedia a toda a sociedade que se mobilize para contrariar uma “chaga” de “proporções quase incontroláveis”.
G.I./Ecclesia:JCP/CB