Papa Francisco esteve em contacto com uma equipa da Estação Espacial Internacional.
O Papa Francisco falou ontem acerca do “lugar do Homem no universo” com um grupo de seis astronautas da Estação Especial Internacional.
Na emissão que foi transmitida em direto pelo Centro Televisivo do Vaticano, o Papa argentino mostrou-se curioso em perceber como é que quem está lá em cima, no espaço, encara questões que têm sido fundamentais para a humanidade: “De onde vimos, para onde vamos?”.
A resposta foi assumida pelo astronauta italiano Paolo Nespoli, que destacou a possibilidade que quem trabalha na Estação Espacial Internacional tem para contribuir para esse “conhecimento”, apesar das muitas dúvidas que ainda existem.
“Quando penso nestas questões, fico perplexo. Quanto mais conhecemos, mais nos damos conta de que sabemos pouco”, disse aquele responsável, que devolveu depois o desafio ao Papa.
“Gostava muito que pessoas como você, não só engenheiros ou físicos mas teólogos, filósofos, poetas e escritores possam vir ao espaço – e este será certamente o futuro – e partilharem o que é que vos diz ver o Homem no espaço”, salientou.
Durante o diálogo, Francisco quis saber o que motivou aqueles homens a seguirem a carreira de astronautas.
Do outro lado da linha, aqueles homens agradeceram a oportunidade concedida pelo Papa para “deixar um pouco a rotina do dia-a-dia e pensar nas coisas maiores da vida”.
O norte-americano Randi Bresnik explicou a sua vocação com o gosto pelo contacto com a transcendência e com a “indescritível beleza do nosso planeta”.
“Quando vemos a paz e a serenidade do nosso planeta, enquanto roda a 10 quilómetros por segundo, não há fronteiras, não há conflito, tudo é paz”, frisou o mesmo astronauta, que considera que a missão daquele grupo no espaço, constituído por homens das mais variadas nacionalidades, “deveria servir como exemplo para a humanidade”.
“Para que, à medida que vamos explorando mais o espaço, o futuro da humanidade possa ser melhor do que é atualmente”, acrescentou.
Outro dos elementos da equipa, Joe Acaba, de ascendência porto-riquenha, pegou nesta deixa para realçar o trabalho conjunto que é feito na Estação e que simboliza o que poderia ser feito na Terra, se todas as nações colaborassem entre si.
“Ao colaborar, conseguimos fazer as coisas melhor do que faríamos enquanto indivíduos”, apontou.
Apelidando os astronautas de “representantes da humanidade”, o Papa quis saber se faz sentido para aqueles homens “chamar amor à força que move o universo”.
Alexander Misurkin, um dos representantes russos, definiu o amor como “a força que dá a capacidade de dar a vida pelo outro”.
Outro compatriota, Sergey Ryanzansky, da Rússia, falou sobre a figura que mais o inspirou, o seu avô, que participou como engenheiro no desenvolvimento do primeiro satélite a pairar sobre a Terra, o Sputnik.
“Para mim, é uma tremenda honra dar seguimento ao seu sonho porque a exploração espacial é o futuro da humanidade e a próxima fronteira para todas as ciências.”, confidenciou.
No final do diálogo, que durou cerca de 30 minutos, o Papa Francisco agradeceu à tripulação da Estação Espacial Internacional por uma “conversa que muito o enriqueceu” e apelidou-os de “irmãos” e “representantes da humanidade”.
“Que o Senhor abençoe o vosso trabalho e as vossas famílias. Eu vou com certeza rezar por vocês, e peço-vos que rezem também por mim”, concluiu.
Em 2011, o então Papa Bento XVI também já tinha contactado com um grupo de oito astronautas da ISS, primeiro quando ainda estava em órbitra e depois numa audiência em Castel Gandolfo, nos arredores de Roma
G.I./Ecclesia:JCP