Papa Francisco recebe participantes, entre eles a portuguesa Fátima Almeida, do Movimento Mundial de Trabalhadores Cristãos, e delegação da UGT.
O Vaticano promove entre hoje e amanhã um debate internacional sobre movimentos de trabalhadores e sindicalismo no mundo globalizado, que se vai concluir com uma intervenção do Papa Francisco.
“A conferência tem como objetivo abrir um espaço de debate e reflexão sobre o mundo do trabalho e os aspetos ligados às atividades profissionais nas atuais estruturas sociais, graças ao contributo de diversos movimentos sindicais presentes”, explica uma nota do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral (Santa Sé).
O Movimento Mundial de Trabalhadores Cristãos (MMTC) vai ser representado pela sua copresidente, a portuguesa Fátima Almeida, e por Abraham Canales, diretor da revista ‘Noticias Obreras’.
Em comunicado enviado à Agência ECCLESIA, Fátima Almeida assinala que a Igreja “manifesta a sua preocupação pelo desenvolvimento social e económico atual, que causa muitas situações de injustiça, de precariedade, de desregulamentação laboral e de descarte das pessoas”.
Realidades, acrescenta, “que provocam apatia, indiferença, falta de confiança e de esperança, desespero e desmotivação para a participação cívica; associativa, sindical e política”.
Para a copresidente do MMTC o contributo do movimento no encontro é na perspetiva de apelar a “uma maior atenção e proximidade aos trabalhadores mais empobrecidos”.
“Uma atitude mais firme na denúncia da desigualdade e da insustentabilidade ambiental; combater a desvalorização do trabalho humano, o desemprego, os baixos salários, o aumento dos horários de trabalho ou da subordinação do trabalho humano à lei da competitividade e aos interesses do capital”, exemplifica ainda Fátima Almeida.
Com o tema ‘Da Populorum Progressio à Laudato si. O trabalho e o movimento dos trabalhadores no centro do desenvolvimento integral, sustentável e solidário’ apresenta o mundo laboral como “chave” para o desenvolvimento na era da globalização.
Os participantes são convidados a refletir sobre o património da Doutrina Social da Igreja perante novas realidades sociais, com a apresentação de iniciativas e propostas para a construção de sociedades centradas na dignidade de cada pessoa.
A conferência procura também aprofundar o magistério da Igreja Católica desde a ‘Populorum progressio’, do Papa Paulo VI, que completa 50 anos, até à ‘Laudato si’ do Papa Francisco.
O diretor da revista ‘Noticias Obreras’ sublinha que o pontífice argentino insiste na “importância do trabalho digno, na luta contra a pobreza”, que tem sido o “fio condutor” das recentes visitas pastorais, com instituições e organizações e em diferentes mensagens.
“A riqueza do pensamento espiritual e eclesial da Igreja sobre o valor do trabalho e a dignidade de quem o executa, exigem uma resposta de maior proximidade e solidariedade ao mundo do trabalho, aos trabalhadores a aos sindicatos”, acrescenta Fátima Almeida.
O encontro conta com a presença de representantes sindicais, especialistas no campo das ciências sociais, delegações de mais de 40 países e representantes de movimentos cristãos de trabalhadores.
A UGT – União Geral de Trabalhadores está representada pelo secretário-geral, Carlos Silva, e pelo secretário executivo, José Cordeiro.
Na informação enviada hoje à Agência ECCLESIA, a central sindical portuguesa destaca que o debate internacional foi “muito bem recebido pelos mais altos responsáveis sindicais mundiais”.
Esta sexta-feira, está prevista que o Papa Francisco recebe em uma audiência as organizações sindicais.
G.I./Ecclesia:OC/CB