Isabel Vale, responsável por este setor pastoral a nível nacional, coloca tónica no acolhimento.
O Dia Internacional da Pessoa com Deficiência, com o lema ‘E se fosse consigo’, vai ser celebrado este domingo, sublinhando a importância de defender e promover a dignidade e as riquezas humanas e espirituais destas pessoas.
Em entrevista ao Programa ECCLESIA, Isabel Vale, do Serviço Nacional da Pastoral a Pessoas com Deficiência, realça que em primeiro lugar a sociedade deve olhar para esta realidade como algo que merece a melhor colaboração e atenção de todos.
“A primeira questão é esta, vamos acolhê-lo! E depois perceber o que é preciso adaptar, o que é preciso fazer. A sociedade estar disponível e aberta para incluir, e disponível para perceber as pessoas com deficiência, que são muito mais do que a deficiência que nos mostram”, realça aquela responsável.
Em causa não estão apenas questões estruturais, como quebrar as barreiras arquitetónicas que dificultam o quotidiano de muitas pessoas com deficiência, bem como quebrar os estigmas sociais, os preconceitos que existem em relação à inclusão destas pessoas.
Carmo Perestrelo Diniz, que convive de perto com esta temática na sua família, realça os “desafios que se colocam”, sobretudo “na paróquia, na escola ou nos grupos de amigos, em função da idade e da situação em que a pessoa com deficiência está”.
“Todos nós estranhamos o que é diferente. O estigma talvez não seja a palavra certa, mas talvez a estranheza. Porque quando se conhece a pessoa com deficiência, percebemos que ela é extremamente eficiente, e não deficiente como se diz, e que tem imenso para contribuir”, realça esta mãe de cinco filhos, entre os quais um filho adotivo, o Bernardo, que tem “deficiência profunda”
O Bernardo “tem 99 por cento de incapacidade, não anda, não fala, não vê”, e tem constituído para os pais “uma descoberta” e “um desafio”.
“Tem sido extraordinário conhecer a pessoa que ele é, para além da dificuldade que tem em comunicar ou em fazer o que nós entendemos como sendo as coisas normais do dia-a-dia”, conta Carmo Perestrelo Diniz, para quem a sociedade tem de tirar “mais tempo” para conhecer as pessoas com deficiência, não julgar à partida como muitas vezes acontece.
“Se dermos tempo, se dermos atenção à pessoa com deficiência, vamos encontrar uma pessoa extraordinária, como é próprio de qualquer ser humano”, acrescenta.
Para Isabel Vale, o Dia Mundial da Pessoa com Deficiência que se vai assinalar este domingo, com a chancela da ONU, deve também colocar às comunidades cristãs, à Igreja Católica, o desafio de “ouvir” quem lida diariamente com a deficiência, a começar pelas famílias, de modo a facilitar a integração de todos.
“Nós temos medo das dificuldades mas podemos receber aquilo que é a mensagem, aquilo que as pessoas nos dizem, as famílias, na catequese, como lidar e depois acompanhar”, completa aquela responsável.
G.I./Ecclesia:PR/JCP