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Papa Francisco respondeu a críticas sobre gestão da crise humana perante políticos birmaneses.
O Papa Francisco confessou hoje que chorou durante o encontro que manteve esta sexta-feira com um grupo de refugiados rohingya, no Bangladesh, deixando votos de a sua mensagem neste tema tenha chegado a todos.
“Depois de tê-los escutado, um a um, comecei a senti algo por dentro, não podia deixar que se fossem embora sem uma palavra, e comecei a falar, pedi perdão. Nesse momento, eu chorava, procurei que não se visse. Eles também choravam”, relatou, falando aos jornalistas que o acompanharam no voo entre Daca e Roma, após uma viagem de seis dias ao Mianmar e Bangladesh.
Francisco respondeu às críticas por não ter utilizado a palavra “rohingya” no território birmanês para se referir à minoria muçulmana.
“A mensagem chegou, não só aqui [Bangladesh]. Todos a receberam”, assinalou.
Na conversa de cerca de uma hora com a imprensa, o Papa elogiou os responsáveis bengalis, “um país pequeno, pobre”, por serem capazes de acolher 700 mil pessoas, agradecendo o “exemplo” que dão ao mundo.
Na sexta-feira, durante um encontro inter-religioso em Daca, Francisco cumprimentou 18 refugiados, de três famílias, e impediu que os mesmos fossem retirados do palco onde se encontrava, após essa saudação.
“Queriam tirá-los imediatamente de cena e zanguei-me, gritei um pouco – sou pecador -, disse muitas vezes a palavra respeito. E eles ficaram lá”, contou.
O Papa utilizou a palavra “rohingya”, pela primeira vez, neste encontro, explicando que procurou falar “passo a passo”.
“Se no discurso oficial tivesse dito essa palavra, seria como fechar a porta na cara dos meus interlocutores. Mas descrevi a situação, falei do direito das minorias para depois permitir-me, nas conversas privadas, ir mais além”, declarou.
Francisco mostrou “satisfação” com o resultado das conversas privadas com os líderes birmaneses, entre eles a Nobel da Paz Aung San Suu Kyi, advertindo que algumas denúncias “feitas de forma agressiva”, têm como resultado “fechar a porta” ao diálogo.
O Papa afirmou que no encontro com Min Aung Hlaing, chefe do Exército de Mianmar, não “negociou” com a verdade, sem comentar as intenções do responsável militar.
“A mim interessava-me o diálogo e o facto de ter sido ele a ir visitar-me. O diálogo é mais importante”, assinalou.
Francisco considerou que a situação no Estado de Rakhine não é de fácil solução, mas quis sublinhar que considera os rohingya como “pessoas de paz”, distinguindo-os de grupos fundamentalistas que se procuraram “aproveitar” desta minoria.
G.I./Ecclesia:OC

CategoryIgreja, Papa, Pastoral

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