Papa Francisco diz que sobrevivência da humanidade pode estar em causa.
O Papa Francisco alertou ontem para os riscos de uma guerra nuclear que coloque em risco a sobrevivência da humanidade, ao regressar ao Vaticano após visitar o Mianmar e o Bangladesh.
“Hoje estamos no limite da licitude de ter e usar as armas nucleares. Com o arsenal nuclear tão sofisticado que existe, arriscamo-nos à destruição da humanidade ou, pelo menos, de grande parte da humanidade”, referiu aos jornalistas que o acompanharam no voo entre Daca e Roma, num Boeing 777 da Biman.
Francisco apontou o dedo à “irracionalidade” dos líderes internacionais para justificar a mudança de visão no pontificado, dado que João Paulo II considerou a dissuasão nuclear como um recurso legítimo.
Numa conferência de imprensa de uma hora, o Papa disse que faz uma pergunta, pessoalmente, não como magistério pontifício: “É lícito hoje manter os arsenais nucleares tal como estão?”.
“Para salvar a criação e a humanidade, não é, porventura, necessário fazer marcha-atrás?”, acrescentou.
O pontífice evocou os casos de Hiroxima e Nagasáqui, no final da II Guerra Mundial, ou exemplos de acidentes como Chernobyl, “quando não se consegue ter controlo total da energia atómica”.
“Por isso, voltando às armas, que servem para ganhar, destruindo, digo: estamos no limite do que é lícito”, insistiu.
Francisco pediu que o resto das perguntas se relacionassem com a sua viagem à Ásia, que decorreu entre segunda-feira e este sábado, com passagens pelo Mianmar e Bangladesh, onde se encontrou com refugiados rohingya, repetindo o desejo de visitar a Índia e a China.
Francisco disse que tenciona visitar a Índia em 2018, numa viagem dedicada exclusivamente a este país, e considerou que, em relação à China, é preciso avançar “passo a passo”, destacando o diálogo cultural que já existe entre as duas partes.
“As portas do coração estão abertas e julgo que faria bem a todos uma viagem à China, gostaria de fazê-lo”, acrescentou.
G.I./Ecclesia:OC