Papa Francisco recordou crises na Terra Santa, Iraque, Síria, Iémen, Coreia do Norte e Venezuela, entre outras.
O Papa denunciou hoje no Vaticano os sofrimentos das crianças de todo o mundo que são vítimas da guerra e da violência.
“Vemos Jesus nas crianças do Médio Oriente, que continuam a sofrer pelo agravamento das tensões entre israelitas e palestinos. Neste dia de festa, imploramos do Senhor a paz para Jerusalém e para toda a Terra Santa”, declarou Francisco, na sua Mensagem de Natal, proferida desde a varanda da Basílica de São Pedro e transmitida em direto para dezenas de países, incluindo Portugal.
A tradicional intervenção de 25 de dezembro, que antecede a bênção solene ‘urbi et orbi’ [à cidade (de Roma) e ao mundo], deixou votos de que as duas partes retomem o diálogo e cheguem “a uma solução negociada que permita a coexistência pacífica de dois Estados dentro de fronteiras mutuamente concordadas e internacionalmente reconhecidas”.
Francisco recordou ainda as crianças sírias, “feridas pela guerra que ensanguentou o país nestes anos”, com apelo ao respeito por todos, independentemente da pertença étnica e religiosa.
O Papa falou das crianças do Iraque e do Iémen, “onde perdura um conflito em grande parte esquecido, mas com profundas implicações humanitárias sobre a população que padece a fome e a propagação de doenças”.
“Vemos Jesus nas crianças de todo o mundo, onde a paz e a segurança se encontram ameaçadas pelo perigo de tensões e novos conflitos. Rezamos para que se possam superar, na península coreana, as contraposições e aumentar a confiança mútua, no interesse do mundo inteiro”, referiu.
“Ao Deus Menino, confiamos a Venezuela, para que possa retomar um debate sereno entre os diversos componentes sociais em benefício de todo o amado povo venezuelano”, prosseguiu.
A mensagem de Natal evocou as crianças com que o Papa se encontrou na recente viagem ao Mianmar e Bangladesh, no centro de uma crise humana ligada aos refugiados da minoria ‘rohingya’.
O Natal lembra-nos o sinal do Menino convidando-nos a reconhecê-lo no rosto das crianças.
“Espero que a Comunidade Internacional não cesse de trabalhar para que seja adequadamente tutelada a dignidade das minorias presentes na região”, apelou.
Sudão do Sul, Somália, República Democrática do Congo, República Centro-Africana, Nigéria e o leste da Ucrânia, Venezuela foram outros países elencados, com apelos à reconciliação e à estabilidade política.
“Hoje, enquanto sopram no mundo ventos de guerra e um modelo de progresso já ultrapassado continua a produzir degradação humana, social e ambiental, o Natal lembra-nos o sinal do Menino convidando-nos a reconhecê-lo no rosto das crianças”, declarou o Papa.
Francisco lembrou as crianças cujos pais não têm emprego, as que são empregadas desde tenra idade ou alistadas como soldados “por mercenários sem escrúpulos”.
“Vemos Jesus nas inúmeras crianças constrangidas a deixar o seu país, viajando sozinhas em condições desumanas, presa fácil dos traficantes de seres humanos. Através dos seus olhos, vemos o drama de tantos migrantes forçados que chegam a pôr a vida em risco, enfrentando viagens extenuantes que por vezes acabam em tragédia”, acrescentou.
Milhares de pessoas marcaram presença na Praça de São Pedro, para um encontro que começou com votos de “Bom Natal”.
G.I./Ecclesia