Audiência aos membros do Corpo Diplomático pediu soluções de «diálogo» para as atuais crises nas duas Coreias e em Jerusalém.
O Papa afirmou hoje no Vaticano a dignidade de toda a pessoa humana, independentemente da sua “condição física, espiritual e social”, e disse que a paz exige um “clima de igualdade”.
“A paz consolida-se quando as Nações se puderem relacionar em clima de igualdade”, e floresce quando vivemos “na verdade, na justiça, numa solidariedade ativa, na liberdade”, referiu Francisco na audiência desta manhã aos membros do Corpo Diplomático acreditado junto da Santa Sé.
Francisco referiu-se de modo especial à tensão que cresce entre os Estados Unidos da América e a Coreia do Norte, e na Terra Santa, em Jerusalém.
Sobre o primeiro caso, o Papa frisou a importância dos responsáveis diplomáticos fazerem tudo no sentido de assegurar “cada tentativa de diálogo na península coreana, a fim de abrir espaço a novas estradas que superem os atuais conflitos, de reforçar a confiança entre os dois lados e assegurar um futuro de paz para o povo coreano e para o mundo inteiro”.
Sobre a situação em Jerusalém, Francisco exortou a “um empenho comum a fim de respeitar, em conformidade com as resoluções das Nações Unidas, o estatuto de Jerusalém enquanto cidade sagrada para cristãos, judeus e muçulmanos”.
A tensão rebentou depois de há semanas atrás, o presidente dos Estados Unidas da América, Donald Trump, ter decidido reconhecer Jerusalém como capital de Israel, mudando para a chamada ‘cidade santa’ a embaixada norte-americana que antes estava sedeada em Telavive.
Uma decisão que fez regressar também em força a violência entre israelitas e palestinos, que há mais de 70 anos lutam pela sua afirmação enquanto nação, no território.
Para o Papa argentino, é “urgente encontrar uma solução política que permita a presença de dois Estados independentes na região (Israel e Palestina) com fronteiras devidamente reconhecidas pela comunidade internacional”.
Francisco referiu-se também às “tantas pessoas” que são vítimas da guerra, nos milhões de homens, mulheres e crianças “obrigadas a fugir aos conflitos” que “em tantos locais incendeiam a terra”.
No discurso ao Corpo Diplomático o Papa referiu-se ao Centenário do fim da Primeira Guerra Mundial (1014 – 1918), que se assinala este ano, apelou ao fim da “lógica aberrante da guerra”, e deixou um apelo aos membros do corpo diplomático.
Francisco lembrou que as guerras “têm um preço enorme” em termos de vidas humanas e assentam sobretudo “numa visão redutora” do mundo, baseada na “difusão da angústia, da desigualdade social e da corrupção”.
O Papa lembrou ainda diversas outras situações que ferem hoje de morte a paz no mundo, como os conflitos bélicos, sociais ou étnicos na Síria, no Iraque, no Sudão do Sul, na República Democrática do Congo, na Somália, na Nigéria, na República Centro Africana, na Venezuela ou na Ucrânia.
Países “onde o direito à vida é ameaçado” por fenómenos tão diversos como “o uso indiscriminado dos recursos, o terrorismo, a proliferação dos grupos armados e os persistentes conflitos”.
“Não basta indignarmo-nos diante de tanta violência. Cada um deve trabalhar ativamente para remover as suas causas e construir pontes de fraternidade, promessa fundamental para um autêntico desenvolvimento humano”, disse o Papa aos representantes diplomáticos acreditados junto da Santa Sé.
G.I./Ecclesia:JCP