A ‘Missão País’ é um projeto de estudantes universitários, de raiz católica, com o objetivo de levar Jesus e evangelizar Portugal através do testemunho da fé, do serviço e da caridade.
«Não digo que fui contrariado, mas fui não me apetecendo». Francisco Lamy é caloiro na Faculdade Nova School of Business and Economics, da Universidade de Lisboa, e também na ‘Missão País’ para onde foi “não apetecendo”, embora nunca tenha pensado em desistir, mas quando chegou “toda essa perspetiva mudou”.
“O primeiro dia de missão foi incrível e a minha opinião mudou imediatamente”, afirmou o estudante universitário que está no 1.º ano da Licenciatura de Economia.
Em entrevista à Agência ECCLESIA, o jovem de 19 anos contextualizou que a semana de missão se realizou após os exames quando os amigos iam acabar os exames e entrar de férias, por isso, estavam “a combinar imensas coisas”.
“Não estava nada entusiasmado, estava numa altura da minha vida em que também não estava muito ligado a esse lado da fé, mas nunca me passou pela cabeça não ir”, explicou.
“Não digo que fui contrariado, mas fui não me apetecendo.”
Assim, a semana de 28 de janeiro a 4 de fevereiro foi passada em Ansião e a sua comunidade foi a do porta-a-porta, que “é muito a raiz” da Missão País, e à tarde ia rodando pelas outras atividades.
“Adorei”, destaca, lembrando que as histórias são “completamente diferentes” em cada casa onde há pessoas “completamente sozinhas” e com poucos bens mas com “uma vida imensamente feliz”, enquanto existem “pessoas com imensas coisas e são infelizes”.
“Há cada história que uma pessoa sai de lá também muito a pensar na vida, estamos a ajudar mas também põem muita coisa em perspetiva e fazem-nos pensar sobre a nossa vida e o valor que damos às coisas”, desenvolveu, sobre um aspeto que “é muito bom” porque recebem muito.
Francisco Lamy conta que foi o primeiro ano que esta iniciativa esteve em Ansião e as pessoas graças ao pároco e à câmara municipal “estavam um bocado preparadas” para receber os estudantes universitários e abrir as portas.
“Se Deus quiser vou fazer os três anos. Adorei”, realça.
‘A paz esteja em tua casa’ é o lema da Missão País 2018 e para quem andou a bater de porta em porta “é da maior importância” porque é isso que queriam “levar à casa das pessoas e depende de pessoa para pessoa”.
“Se calhar a nossa companhia é suficiente para levar a paz, ajudamos a fazer o almoço, ajudamos com a mãe que está doente, ou o pai acamado”, recorda.
“O lema contribuiu muitíssimo para a minha vida”, disse à Agência ECCLESIA, outra rookie nas andanças da ‘Missão País’.
Teresa Campelo está no terceiro ano da faculdade mas participou pela primeira vez nesta atividade e revela que a paz para si “era mais relativa ao peace and love, ao legalize, à felicidade momentânea”, por isso, aprendeu “muito com este lema”.
“Obviamente, é experiência repetir nos outros anos; aprendi tanto nesta semana”, assegura a estudante de 22 anos que trouxe paz que não ficou apenas em Ansião com quem os recebia mas também veio para a sua “casa, família, faculdade e pessoas” de quem gosta.
Na missão aprendeu ainda a ter mais “ritmo de oração” para a vida, para os estudos e “também mais Igreja, o conceito de maior união de Igreja com jovens e abrir as portas a qualquer pessoa”.
Teresa Campelo teve a oportunidade de conhecer todos os serviços, comunidades em que os voluntários se desdobram e conta que foram “tão bem-recebidos” que no primeiro dia ofereceram-lhe “uma gola para o frio”.
“Era impressionante ver como as pessoas de forma simples e acolhedora recebiam-nos e ensinavam-nos tudo o que tínhamos para fazer com tanto amor. No lar estive a fazer camas de idosos e estava cheia de dúvidas e elas diziam que estava lindamente”, recordou a estudante da Escola Superior de Educação Maria Ulrich, onde ainda não chegou a ‘missão País’.
Francisco Lamy considera que as semanas de missão, a meio do ano letivo, entre o primeiro e o segundo semestre são “muito importantes” mesmo para quem “está a fazer o superficial que é ajudar as pessoas”.
As missões universitárias nasceram com cunho católico mas todas as pessoas podem participar e o jovem estudante de economia realça que é uma “experiência que todos têm de passar católicos ou não”.
“Temos testemunhos de conversão que são das coisas mais espetaculares que há nas missões”, referiu, revelando que “nunca” lhe “tinha passado pela cabeça” o ser católico na universidade “até chegar a estas missões”.
“Põe em perspetiva o que é ser católico. Não estar sempre a dizer o que somos mas mostrar através das nossas ações, da maneira como agimos, tem muito a ver com testemunho que passamos: Estudar a 100 %, focar nos estudos, ajudar os outros, não copiar, tentar não dar a volta, ser honestos”, desenvolve.
Teresa Campelo também concorda porque “mais do que falar de Jesus, o catolicismo está nas ações”, de que forma se apresenta perante as situações.
Uma experiência destas foi vivida em Sátão, como noticiámos.
A Missão País 2018, em números:
– 52 missões: 40 no sul (39 em Lisboa+ 1 em Évora) e 12 no norte e centro (4 da Universidade de Coimbra e as restantes do Porto); Cerca de 3000 participantes espalhados por Portugal; 44 faculdades diferentes – sendo que há missões que já têm mais do que uma missão (=um grupo de cerca de 58 estudantes universitários) por faculdade.
Segundo a Comissão Episcopal Laicado e Família, da Igreja Católica em Portugal, desde a primeira ‘Missão País’, em 2003, já se realizaram 154 missões.
G.I./Ecclesia