Marcelo Rebelo de Sousa e António Costa celebram junto dos portugueses em Massachusetts.
As comemorações do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, que este ano levarão Marcelo Rebelo de Sousa e António Costa aos Estados Unidos da América, são para os emigrantes portugueses um “reconhecimento bem merecido”.
“Para eles é um reconhecimento bem merecido porque vivem sempre com a saudade da sua terra, em especial a primeira geração, mas todos se orgulham das suas raízes portuguesas”, explica à Agência ECCLESIA o sacerdote John Jack Oliveira, da paróquia de Nossa Senhora do Carmo, em New Bedford, ele próprio lusodescendente.
D. Edgar Moreira da Cunha, verbita brasileiro, é o bispo da Diocese de Fall River desde 2014 e refere à Agência ECCLESIA que a comunidade portuguesa é, entre os grupos locais, “o mais unido culturalmente”.
“A cultura portuguesa, em especial a açoriana, permanece aqui há mais de um século e apresenta uma grande força e um desejo de manter as tradições”, enfatiza o bispo que apresenta as procissões, as festas dos padroeiros, os clubes, as bandas, as associações e coletividades como as manifestações públicas da cultura portuguesa.
Esta é uma forma de cultura e fé se encontrarem e juntas se manifestarem: “As comunidades portuguesas mantêm as procissões dos romeiros, dos santos, as grandes festas do Santo Cristo, do Espírito Santo” numa grande aliança entre fé e cultura que “passa de geração em geração”.
As comemorações do Dia de Portugal têm este ano início em Ponta Delgada, nos Açores, hoje, estendendo-se nos dias 10 e 11 de junho ao estado de Massachusetts, EUA, com cerimónias nas cidades de Boston, Providence e New Bedford, locais onde as comunidades portuguesas estão profundamente inseridas.
Esta celebração é, para o sacerdote da Diocese de Fall River, uma oportunidade de afirmação nacional.
“Os emigrantes não se deslocaram apenas para receber no país de acolhimento mas também para oferecer. O Dia de Portugal, entre outras ocasiões, é um momento em que as comunidades portuguesas podem dizer «viemos para oferecer, afirmamos o nosso contributo para fazer da história dos EUA um mosaico de todos os grupos étnicos que aqui se encontram»”.
O bispo de Fall River encontra nas cerimónias a que preside, do crisma ou na bênção das pastas, jovens com origens portuguesas.
“Oliveira, Correia, Câmara são alguns exemplos que facilmente se encontram, mesmo entre jovens que não falam a língua portuguesa”, enfatiza D. Edgar Moreira da Cunha.
O padre John Jack Oliveira, por sua vez, destaca a família como o local onde melhor a cultura é preservada.
“Em todos os grupos étnicos o rosto da comunidade é a sua culinária, a parte cultural, a música, a arte. Tudo contribuiu para a presença das comunidades neste país”, enfatiza o sacerdote com 67 anos, nascido em Tauntom, no estado de Massachusetts, neto de um emigrante de São Miguel do final do século XIX.
Paróquias com oragos a Santo Cristo, Espírito Santo, São Francisco Xavier, Nossa Senhora de Fátima, por exemplo, ajudam a contar a história da emigração açoriana no final do século XIX quando aconteceu o estabelecimento dos primeiros portugueses na costa leste dos EUA.
“A aculturação foi acontecendo e os portugueses foram dispersando dos centros urbanos para outras paróquias, e assim continuou com a segunda, terceira e quarta gerações, que partiram para outras comunidades que não foram as 14 criadas pelos portugueses”, recorda o sacerdote.
Nos dias em que Marcelo Rebelo de Sousa e António Costa se deslocarem aos EUA para participar nas cerimónias do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, “haverá um arraial no centro de Comércio onde toda a comunidade poderá participar” estando também previstas “várias manifestações públicas” na zona de Boston e na cidade de New Bedford, dá conta o sacerdote lusodescendente.
G.I./Ecclesia:LS