«Interior do país, já exausto, sem gente e sem meios, fica mais pobre e recebe o golpe de misericórdia».
O bispo da Diocese de Vila Real criticou a falta de apoio do Estado a projetos como o Colégio de Poiares, dos Salesianos, que vai fechar portas e deixar os mais pobres “sem voz, sem meios e sem alternativas”.
“Com o seu encerramento, quem perde são os pobres. O interior do país, já exausto, sem gente e sem meios, fica mais pobre e recebe o golpe de misericórdia, condenado ao desprezo e abandono”, escreve D. Amândio Tomás, numa nota divulgada através do site diocesano.
O estabelecimento de ensino funcionava em regime de contrato de associação e o encerramento vai afetar 225 alunos, 25 funcionários e 21 professores. Para o bispo de Vila Real, é pouco aceitável a argumentação de que é “por razões económicas que o Estado deixa de apoiar alunos pobres na instituição de referência, que os pais escolheram, como é legítimo que escolham, para os filhos”.
O Ministério da Educação informou na última semana que vão ser mais de 600 as turmas com contrato de associação em 2018-2019 e que foi aprovado na última reunião do Conselho de Ministros, um financiamento de 15 milhões de euros para inícios de ciclo – 5.º, 7.º e 10.º anos.
D. Amândio Tomás entende que, no caso do Colégio de Poiares, o Estado “vai até pagar mais, por serviço pior”.
“Com atitudes destas, o interior esvazia-se. Os pobres são preteridos e abandonados. Não há quem veja a desolação e a miséria em que nos afundaram. Somos vítimas de decisões ditatoriais, irresponsáveis e demagógicas. Não importa que os alunos sejam obrigados a ir para piores escolas e com piores serviços, contra a vontade dos pais, integrados, em turmas, que custam mais ao Estado. O que conta é a cor da bandeira, a ideologia, que preside à agonia do interior de Portugal, já, há muito, moribundo”.
O bispo de Vila Real critica as “injustiças e abandonos” a que o Interior foi votado “em termos de educação e de saúde”, que transforma as populações em “portugueses de segunda”.
“Assim, me confirmo, inteiramente solidário, com as famílias pobres e com o direito, que têm de escolherem para os filhos a educação que entenderem dever dar-lhes”, conclui.
G.I./Ecclesia:OC