Papa Francisco alargou fronteiras do Colégio Cardinalício, que já chega a 88 países.
O Vaticano recebe esta quinta-feira o quinto consistório público para a criação de cardeais no pontificado de Francisco, numa lista de 14 nomes que inclui D. António Marto, bispo de Leiria-Fátima.
A história dos cardeais começa por estar ligar ao clero de Roma, mas chega hoje cada vez mais longe: 88 países passam a estar representados no Colégio Cardinalício e 65 contam com cardeais eleitores, incluindo Portugal.
O Papa Francisco deixa a sua marca, sobretudo, com a capacidade de reforçar o papel das periferias no Colégio Cardinalício com a presença de bispos e arcebispos de lugares distantes.
“Eu creio que este alargamento do Colégio Cardinalício a diversos cardeais de diversas partes do mundo corresponde também à projeção que o ministério do Santo Padre, do sucessor de Pedro, tem ganho no mundo atual”, refere à Agência ECCLESIA D. Manuel Clemente, cardeal-patriarca de Lisboa.
Para o presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, a “tradição do Colégio Cardinalício, como o próprio nome cardeal indica, é ser o sustentáculo, o apoio mais direto” do Papa, que tem um papel cada vez mais “global”.
“Este reforço do Colégio Cardinalício é muito consequente e eu saúdo-o com muita alegria, também”, assinala o cardeal-patriarca.
O testemunho de quem vive em minoria, de quem sofre perseguição, de quem acompanha populações afetada pelo narcotráfico ou os mais pobres marca presença especial nas escolhas de Francisco.
O padre Thabet Habeb Mansur, sacerdote caldeu iraquiano, saúda em particular a escolha do patriarca Louis Sako, a figura de referência para os católicos locais.
“Como sempre, o Vaticano e o Papa estão muito próximos dos cristãos iraquianos, do povo iraquiano. A criação de um novo cardeal, a nomeação do patriarca da Igreja Caldeia como cardeal, significa que somos muito importantes, que a nossa situação é muito importante para toda a Igreja. Também a sua proteção: que o cristianismo permaneça no Iraque é muito importante, na visão da Igreja Católica. A nomeação cardinalícia do nosso patriarca Louis Sako é muito importante para nós”, explica à Agência ECCLESIA.
Os 11 novos cardeais eleitores (por ordem de anúncio pontifício) são o patriarca Louis Sako, do Iraque; D. Luis Ladaria, prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé (Santa Sé); D. Angelo De Donatis, vigário do Papa para a Diocese de Roma; D. Giovanni Angelo Becciu, substituto da Secretaria de Estado do Vaticano; D. Konrad Krajewski, esmoler pontifício; D. Joseph Coutts, arcebispo de Karachi (Paquistão); D. António Marto, bispo de Leiria-Fátima; D. Pedro Barreto, arcebispo de Huancayo (Peru); D. Desiré Tsarahazana, arcebispo de Toamasina (Madagáscar); D. Giuseppe Petrocchi, arcebispo de L’Aquila (Itália); D. Thomas Aquinas Manyo, arcebispo de Osaka (Japão).
O Papa vai ainda criar três cardeais com mais de 80 anos: D. Sergio Obeso Rivera, arcebispo emérito de Xalapa (México); D. Toribio Ticona Porco, bispo emérito de Corocoro (Bolívia); padre Aquilino Bocos Merino, missionário Claretiano.
O último consistório tinha sido celebrado há um ano, no dia 28 junho de 2017.
Portugal estava até agora representado por três cardeais: D. Manuel Clemente, patriarca de Lisboa; D. Manuel Monteiro de Castro, penitenciário-mor emérito, e D. José Saraiva Martins, prefeito emérito da Congregação para as Causas dos Santos, ambos com mais de 80 anos.
Desde 2013, quando os cardeais eleitores da Europa representavam 56% do total, Francisco tem vindo a alargar as fronteiras das suas escolhas, com uma mudança mais visível no peso específico da África, Ásia e Oceânia.
Depois dos consistórios de 22 de fevereiro de 2014, 14 de fevereiro de 2015, 19 de novembro de 2016, de 28 de junho de 2017 e o desta quinta-feira, a Europa passa dos referidos 56% para 42% dos eleitores (53 cardeais), embora se mantenha uma forte marca da tradição italiana, com 22 elementos neste grupo; apenas os Estados Unidos da América, com 10 eleitores, se aproximam desta dimensão, num total de 64 países com cardeais eleitores.
Um futuro conclave teria, assim, 59 eleitores criados no pontificado do Papa Francisco; 47 no de Bento XVI e 19 no de João Paulo II, totalizando 125 cardeais; os cardeais com mais de 80 anos serão 102, a partir de 29 de junho.
Em 2019, há um total de 10 cardeais que celebram o seu 80.º aniversário (5 nomeados por Bento XVI, 3 pelo Papa Francisco e 2 por São João Paulo II), pelo que as mudanças em curso na constituição do Colégio Cardinalício deverão prosseguir.
G.I./Ecclesia:OC