O Vaticano reuniu pela terceira vez investidores, banqueiros, organizações de solidariedade e religiosos de todo o mundo para debater o envolvimento da Igreja no “impact investment”, que atende a resultados sociais e ecológicos.
O encontro, que se concluiu hoje, foi promovido pelo Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral, a ‘Catholic Relief Services’ (CRS, congénere norte-americana da Cáritas) e a ‘Caritas Internationalis’, confederação global da Cáritas.
A CRS apresentou o projeto ‘Azure’, que visa o financiamento para a expansão e melhorias de sistemas de abastecimento de água para populações de países em vias de desenvolvimento.
O objetivo é levar instituições financeiras locais, como créditos agrícolas ou cooperativas, a investir neste serviço de recursos hídricos, com juros “competitivos”, assegurados pelo Inter-American Development Bank (IDB).
Este é um exemplo de projetos de “investimento de impacto”, considerados socialmente responsáveis, que procuram atrair capital para ajudar comunidades locais a melhorar as suas condições de vida.
O ‘Azure’ ajuda a financiar atividades como perfuração de poços, criação de reservatórios, compra de tanques e tubagens.
O cardeal Peter Turkson, prefeito do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral (Santa Sé), disse na abertura dos trabalhos que o investimento ultrapassa o âmbito do Vaticano e estende-se às dioceses de todo o mundo, chamadas a promover um novo modelo de investimento, que atende à solidez financeira e, ao mesmo tempo, a fins socialmente úteis – como a energia solar ou programas de microcrédito para comunidades em desenvolvimento.
Em 2014, durante a primeira Conferência no Vaticano, o Papa chamou os cristãos a redescobrir “esta preciosa e primordial união entre lucro e solidariedade”.
“O impact investor configura-se como um investidor consciente da existência de situações de iniquidade graves, de desigualdades sociais profundas e das penosas condições de desvantagem nas quais se encontram populações inteiras. Ele dirige-se a instituições financeiras que utilizam os recursos para promover o desenvolvimento económico e social das populações pobres, com fundos de investimentos destinados a satisfazer as suas necessidades básicas ligadas à agricultura, ao acesso à água, à possibilidade de dispor de alojamentos dignos a preços acessíveis, bem como de serviços primários para a saúde e a educação”.
Em 2016, cerca de 250 mil de dólares estavam investidos em fundos ligados a projetos nas áreas da saúde, combate às alterações climáticas ou apoio a migrantes e refugiados, por exemplo.
G.I./Ecclesia:OC