Diretora da Fundação Ajuda a Igreja que Sofre em Portugal saúda cimeira que decorre em Washington.
A diretora do secretariado da Fundação Ajuda a Igreja que Sofre (AIS) em Portugal espera que a cimeira internacional sobre Liberdade Religiosa, que está a decorrer em Washington, nos EUA, dê mais força a esta causa.
Em entrevista à Agência ECCLESIA, Catarina Bettencourt salienta que se trata de “um evento inédito”, ao nível da mobilização dos países, mas essencial para refletir sobre um direito humano que “tem estado em declínio tão acentuado”.
“Se nós olharmos para a evolução do mundo nos últimos anos, é preciso que haja alguma consequência, é obrigatório que haja algo em concreto. É fundamental que o mundo acorde para esta realidade que muitas vezes nos escapa”, frisa aquela responsável, lembrando os muitos países onde hoje a liberdade religiosa está longe de ser um dado adquirido.
Os últimos dados sobre esta matéria, divulgados pela Comissão para a Liberdade Religiosa Internacional, um organismo com sede nos EUA, chama a atenção para o aumento dos atentados e abusos contra a liberdade religiosa, nos vários continentes.
“A lista dos países está a aumentar e isto é um sinal muito negativo”, sustenta Catarina Bettencourt, que resume a experiência que a Fundação Ajuda a Igreja que Sofre tem estado a ter, pelo seu trabalho, em diversos territórios.
“No último ano, 2017, estivemos presentes em 148 países, com uma ajuda concreta, mas se eu puder resumir este ano de 2018 nós estamos muito atentos às Igrejas do Iraque e da Síria, e também muito atentos à questão da Índia, onde os grupos radicais são uma presença cada vez mais assídua”, esclarece aquela responsável.
A cimeira que decorre em Washington é uma iniciativa do secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, para colocar mais esta temática na agenda internacional.
Do evento, que conta com a presença de mais de 80 delegações, incluindo mais de 40 ministros das Relações Exteriores, poderão mesmo sair sanções económicas contra países marcados por atentados à liberdade religiosa.
“Isto poderá ser um sinal claro de que não vamos continuar a ter relações comerciais com determinado país, se não estiver a respeitar os direitos humanos, entre os quais a liberdade religiosa. Se este sinal for de facto efetivo no dia a dia, isto poderá trazer algumas mudanças significativas, será um primeiro passo”, admite Catarina Bettencourt.
A um outro nível, a diretora aproveita para recordar a “situação dramática” que se vive na Venezuela, por causa da crise económica e social, que deve merecer a atenção da comunidade internacional e do Ocidente.
“É a tal história de que nós Europa estamos muito fechados em nós próprios. O número de pessoas que estão a deixar a Venezuela, que estão a tentar fazer estas deslocações ou dentro do próprio país ou para fora têm sido dramático, e é preciso de facto ajudar porque as pessoas estão sozinhas e saem de um país sem nada”, complementa.
G.I./Ecclesia:JCP