Confederação Nacional associa-se à celebração de jornada instituída pelas Nações Unidas em 1985.
A Confederação Portuguesa do Voluntariado (CPV) reconheceu a dedicação de pessoas que “dão de si”, sem exigir nada em troca, na 10.ª edição do seu troféu.
“No plano do que é, por exemplo, a proteção social, os cuidados de saúde a doentes e também atenção aos familiares dos doentes, mas nos últimos anos até nos domínios da cultura, como acontece nos museus, e no domínio das empresas, no âmbito da responsabilidade social, e no domínio da ecologia, da proteção da natureza, na proteção dos animais”, exemplificou o presidente da CPV.
Em declarações à Agência ECCLESIA, Eugénio Fonseca realça que, “felizmente a ação do voluntariado está a ser diversificada”, e o Troféu Português do Voluntariado pretende fazer o “reconhecimento” do trabalho feito por milhares de pessoas que “no anonimato realizam, às vezes, pequeninas ações na lógica macro” no modelo civilizacional que “mede tudo pelo grande”.
“Outro aspeto do troféu é valorizar esta forma de exercer a cidadania no mundo muito hedonista, muito marcado por deve/haver apresentar uma nova cultura. A cultura do dom, do encontro há que valorizar”, acrescentou o também presidente da Cáritas Portuguesa, na sessão que decorreu esta terça-feira, na Assembleia da República.
Seria difícil imaginar o que poderia ser a realidade social do nosso país sem o inestimável contributo do voluntariado. Os candidatos ao Troféu e os seus justos vencedores reforçam diariamente esse contributo. Que assim continuem por muitos e largos anos, em nome de um Portugal socialmente mais responsável”. (Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa – Excerto da mensagem ao 10.º Troféu Português do Voluntariado)
A CPV entregou uma menção honrosa à equipa de voluntários do projeto ‘Pequenos Corações Gigantes’, apresentada pela Associação Sociedade do Bem, e atribuiu cinco troféus.
Na ‘categoria geral’ foi reconhecida a equipa de 40 voluntariado visitadores da Associação Mais Proximidade, Melhor Vida, uma Instituição Particular de Solidariedade Social, que visita cerca de 120 beneficiários da Baixa de Lisboa e Mouraria.
A psicóloga Maria João Xavier explicou que “para além da visita e do conforto em si, numa questão de combate à solidão e ao isolamento” os voluntários “têm tentado encontrar pontos em comum com os beneficiários” e já têm desenvolvido várias atividades, “desde a estimulação cognitiva e passeios culturais”.
“Receber este prémio significa valorizar todo o trabalho que foi desenvolvido com os voluntários, é motivá-los, é continuar a dar-lhes a palavra, do quão importante é o trabalho deles”, acrescentou em declarações à Agência ECCLESIA.
Já Marta Barreiras distinguida na ‘categoria jovem’ no âmbito do Programa de Desenvolvimento Comunitário na Caparica e Pragal, promovido pela ONGD Leigos para o Desenvolvimento.
“Estou a acompanhar um grupo de mulheres, criei o grupo, fiz parte do mapeamento do comercio local, e estou a acompanhar um projeto de fotografia, o diário do quotidiano, e temos trabalho pastoral de catequese”, contou, realçando que a “experiência tem sido boa” e as pessoas aderem.
“Acredito muito que é possível um mundo mais igual”, disse Marta Barreiras que partilha o troféu “todos os voluntários que já passaram pela organização e por todas com quem trabalham.
Com “mais de 200 horas/ano” de serviço, a voluntária Alcina Maria Ribeiro, cofundadora da ‘ComDignitatis’ – Associação Portuguesa para a Promoção da Dignidade Humana, foi surpreendida ao ouvir o seu nome para receber o troféu na categoria carreira.
“Sinto mais este reconhecimento em relação aqueles que estão comigo. Este prémio, obviamente, que não é meu porque tudo o que conseguimos fazer nesta área é estando com os outros, e, nessa medida, sinto-me agradecida. É mais uma responsabilidade para o futuro em fazer mais e melhor em prol das nossas crianças e das pessoas que precisam se nós”, desenvolveu em declarações à Agência ECCLESIA.
Na categoria sénior, foram distinguidos os voluntários do ‘Projeto COM TATO’, do Centro Comunitário da Paróquia da Parede.
O Troféu Português do Voluntariado foi entregue no auditório António de Almeida Santos, na Assembleia da República, em Lisboa, assinalando o Dia Internacional do Voluntariado (5 de dezembro), que foi instituído pelas Nações Unidas a 5 de dezembro, em 1985.
“Sem o contributo do setor do social, das comunidades, e das associações locais, sem o precioso papel das IPSS a eficácia das políticas sociais sairia bastante prejudicada”, realçou o presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues, recordando que a lei do voluntariado foi aprovada há 20 anos.
A CPV homenageou Elza Chambel, a título póstumo, e Acácio Catarino, primeiro presidente do extinto Conselho Nacional para a Promoção do Voluntariado, o qual realçou que o voluntariado “é uma realidade que existe em Portugal há seculos” e que se tem desenvolvido “particularmente em situações de crise, independentemente, delas existe por toda a parte desde”.
“É ele que em primeiro lugar vê os diferentes problemas, procura as primeiras soluções e acompanha todas as situações de necessidade até os problemas estarem resolvidos. É qualquer coisa de indispensável numa sociedade avançada e que procura ser humanizada”, afirmou o sociólogo e ex-presidente da Cáritas Portuguesa.
A Confederação Portuguesa do Voluntariado representa os voluntários nos “diferentes domínios de atividade, defendendo os seus direitos e interesses”, junta 35 entidades coletivas privadas representativas ou promotoras de voluntariado, e foi constituída a 19 de janeiro de 2007.
Eugénio Fonseca considera que “é muito importante que se dê maior visibilidade ao voluntariado” numa “civilização predominantemente marcada por este tipo de cultura muito comercialista”.
“Temos de trazer mais os bons exemplos ao de cima”, refere o presidente da Confederação Portuguesa do Voluntariado, convidando a reconhecer o “voluntariado de proximidade”.
G.I./Ecclesia:CB/OC