Festa de Santo Estêvão evoca perseguição aos cristãos de todos os tempos.
O Papa Francisco assinalou hoje no Vaticano a festa do primeiro mártir da Igreja, Santo Estêvão, um dia depois do Natal, e apresentou-o como um exemplo de perdão.
“Somos chamados a aprender com ele a perdoar, perdoar sempre. E não é fácil, sabemo-lo. O perdão alarga o coração, gera partilha, oferece serenidade e paz”, declarou, desde a janela do apartamento pontifício, onde presidiu à recitação do ângelus.
Perante centenas de pessoas reunidas na Praça de São Pedro, Francisco sublinhou que Santo Estêvão mostra o caminho a percorrer “nas relações interpessoais” e nas várias comunidades: “A lógica do perdão e da misericórdia é sempre vencedora, sempre, e abre horizontes de esperança”.
O Papa defendeu que não existe contradição entre a “alegria do Natal” que se vive por estes dias e a evocação dos mártires cristãos, que seguiram Jesus.
“O Menino Jesus é o Filho de Deus feito homem, que salvará a humanidade morrendo na cruz. Agora contemplamo-lo envolto em panos no presépio; após a sua morte, será novamente envolto em faixas e colocado num sepulcro”, precisou.
Na sua mensagem de Natal, antes da bênção ‘Urbi et Orbi’, o Papa recordou os cristãos que celebram o Natal sem liberdade religiosa.
“Penso de modo particular nos nossos irmãos e irmãs que celebram a Natividade do Senhor em contextos difíceis, para não dizer hostis, especialmente onde a comunidade cristã é uma minoria, por vezes frágil ou desconsiderada. Que o Senhor lhes permita, a eles e a todas as minorias, viver em paz e ver reconhecidos os seus direitos, sobretudo a liberdade religiosa”, declarou esta terça-feira, desde a varanda central da Basílica de São Pedro.
Segundo o Relatório sobre a Liberdade Religiosa no Mundo 2018, da fundação pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (AIS), há 300 milhões de cristãos vítimas de perseguições ou discriminações, em dezenas de países.
O documento fala num aumento de violações “graves ou extremas” do direito à liberdade de culto, com uma lista de países em que se verificam situações de perseguição a crentes: Brunei, Cazaquistão, China, Coreia do Norte, Eritreia, Iémen, Índia, Iraque, Líbia, Maldivas, Mauritânia, Mianmar, Nigéria, Palestina, Paquistão, Quirguistão, Rússia, Sudão, Tajiquistão, Turquemenistão.
Francisco convidou os católicos a ter a atitude de entrega a Deus de Santo Estêvão, acolhendo com fé “o que a vida reserva de positivo e também de negativo”, e a rezar ao Espírito Santo para que ofereça “o dom da fortaleza” que cura todos os medos.
Invoquemos a intercessão de Nossa Senhora e de Santo Estêvão: que a sua oração nos ajude a confiar-nos sempre a Deus, especialmente nos momentos difíceis, e nos apoie no propósito de ser homens e mulheres capazes de perdoar”.
Após a oração, o Papa deixou votos de que o clima de Natal suscite “atitudes de fraternidade e de partilha nas famílias e nas comunidades”.
Francisco agradeceu ainda as várias mensagens que recebeu, por estes dias, no Vaticano.
“Não me é possível responder a todos. Rezo por cada um deles. Por isso, manifestou hoje a vós e a todos o meu agradecimento sincero, especialmente pelo dom da oração, que tantos de vós prometestes. Muito obrigado”, disse.
OC