Papa Francisco reconhece existência de casos de abusos de consagradas e fala em compromisso para travar exploração feminina.
O Papa condenou hoje o feminicídio e a exploração das mulheres, admitindo que houve casos de abusos de religiosas, dentro da Igreja Católica, que estão a ser punidos.
“É verdade, é um problema. Os maus-tratos das mulheres são um problema. Atrevo-me a dizer que a humanidade ainda não amadureceu, a mulher é considerada como de ‘segunda classe’. Vamos começar daqui: é um problema cultural. Depois chega-se até ao feminicídio”, disse, em conferência de imprensa, no voo entre Abu Dhabi e Roma.
Francisco foi questionado sobre denúncias de abuso sexual de mulheres consagradas na Igreja, por parte do clero.
“Houve sacerdotes e até bispos que fizeram isso. E eu penso que ainda acontece: não é a partir do momento em que nos apercebemos da situação que ela acaba, a coisa continua”, assinalou.
O Papa observou que a Santa Sé tem vindo a dedicar a sua atenção a estes casos “há algum tempo”.
Suspendemos alguns clérigos, mandamos embora outros e também – não sei se o processo acabou – dissolvemos algumas congregações religiosas femininas que estavam muito ligadas a esse fenómeno, uma corrupção. Deve ser feito algo mais? Sim. Temos essa vontade? Sim. Mas é um caminho que vem de longe”.
Francisco elogiou depois a “coragem” do seu predecessor, Bento XVI, neste campo, assinalando que enquanto cardeal e Papa, Joseph Ratzinger encontrou oposição interna no próprio Vaticano.
“O folclore faz que ele seja visto como fraco, mas de fraco ele não tem nada”, declarou.
O Papa assumiu a intenção de “seguir em frente” na prevenção e punição destes casos de abuso, na Igreja Católica.
“Existem casos. Estamos a trabalhar”, concluiu.
O Vaticano recebe, de 21 a 24 de fevereiro, uma inédita cimeira de presidente de conferências episcopais de todo o mundo, incluindo Portugal, para debater os temas da proteção de menores e dos abusos sexuais.
G.I./Ecclesia:OC