«Se me perguntasse se gostaria de entrar num ano em que não houvesse eleições, responderia logo que sim», disse D. Nuno Brás.
O novo bispo do Funchal disse à Agência ECCLESIA que a “crispação” entre os vários atores políticos num ano com três atos eleitorais não gera o “ambiente mais favorável” e apela ao voto dos madeirenses.
“Se me perguntasse se gostaria de entrar num ano em que não houvesse eleições, responderia logo que sim”, disse D. Nuno Brás, que inicia o seu ministério como bispo do Funchal este domingo, na celebração que decorre na Sé, às 16h00.
O novo bispo do Funchal apela à “participação” nos atos eleitorais, europeias em maio, regionais em setembro e parlamentares em outubro, e valoriza ainda a “vida política”, lembrando que “faz parte do ser cristão estar no mundo, na política, na economia, na saúde, nas mais várias áreas”.
“É um ano de eleições e isso significa um apelo claro a que os cristãos participem e significa também um respeito muito claro por aquilo que serão os resultados das eleições”, declarou.
D. Nuno Brás referiu também que a participação na política e o “respeito e cordialidade” por quem é eleito “não pode nunca amordaçar a Igreja naquilo que é a sua dimensão profética”.
“Cabe à Igreja ter uma palavra de denuncia e de chamada de atenção para as diferentes situações em que a dignidade humana é ofendida, em que a vida humana é posta em causa, em que a dignidade do trabalho é esquecida”, afirmou.
Interrogado sobre a emergência de lideranças independentes candidatas a diferentes cargos públicos, D. Nuno Brás não comentou casos concretos, nomeadamente na Madeira, afirmando genericamente que pode ser indicador de “um certo enfado” com “uma certa política partidária demasiado centrada no próprio partido e não no bem comum”.
Na entrevista à Agência ECCLESIA, D. Nuno Brás comentou também a situação na Venezuela, afirmando ser motivo de preocupação como cidadão; como bispo do Funchal “é muito mais”, porque “grande parte da comunidade português na Venezuela é de origem madeirense”.
Para o bispo do Funchal, é necessário acolher os emigrantes venezuelanos que regressaram à sua terra de origem, assim como fazer chegar ajudas à Cáritas, a da Venezuela e dos países vizinhos, para “ajudar os madeirenses que lá estão e estão a passar um momento muito difícil na sua vida”.
D. Nuno Brás é o 33.º bispo de uma diocese com 500 anos de história, fundada em 1514 com a bula Pro excellenti præeminentia do Papa Leão X, que “foi mãe de muitas dioceses no mundo” e representa “o rasgar de horizontes” do Portugal de então.
“É o primeiro fruto da expansão atlântica portuguesa”, lembra o novo bispo do Funchal, para quem é “importante olhar o mar como traço de união e não de separação”, considerando a diocese com a capacidade de fazer pontes “entre um Portugal continental e um Portugal que se lançou porta fora”.
“É interessante perceber que uma Ilha com 280 mil habitantes tem neste momento 5 bispos vivos e um deles é bispo de Madagáscar”, lembrou D. Nuno Brás.
O novo bispo do Funchal manifestou também a vontade de criar pontos de encontro entre dioceses das ilhas atlânticas, Açores, Canárias, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe, afirmando que Diocese do Funchal pode “ter um papel real” no encontro entre bispos “o que significa ser uma Igreja numa ilha”.
Após a tomada de posse, este domingo, D. Nuno Brás vai “como peregrino” à Igreja do Monte, onde preside à Eucaristia na segunda-feira, dia 18, às 11h30.
A entrevista ao novo bispo do Funchal vai ser emitida no programa Ecclesia, na Antena 1 e no programa 70×7, na RTP2, este domingo.
G.I./Ecclesia:PR