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Cimeira no Vaticano tem destacado «prioridade absoluta» da proteção de menores da Igreja.

O cardeal-patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente, disse hoje no Vaticano que a cimeira sobre a proteção de menores e abusos sexuais na Igreja tem projetado um reforço das “instâncias de discernimento e acompanhamento” nas comunidades católicas.

“Têm surgido ideias, no sentido de nos equiparmos nas nossas Igrejas locais, nas dioceses, e também entre as Igrejas de um país, nos equiparmos e reforçarmos as instâncias de discernimento e acompanhamento de tudo aquilo que diz respeito à proteção dos menores, que é uma prioridade absoluta”, disse à Agência ECCLESIA, no final do segundo dia da reunião convocada pelo Papa, que reúne 190 presidentes de episcopados e responsáveis de institutos religiosos.

O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) destaca a necessidade de colaboração de vários especialistas, dotando as estruturas nacionais e locais de pessoas e recursos.

As propostas apresentadas nos trabalhos, no Vaticano, passam por “reforçar as equipas, as comissões para a proteção de menores”.

“Com a colaboração de pessoas especializadas – clérigos, leigos, leigas – que efetivamente possa ajudar-nos nesta, podemos chamar-lhe batalha, porque é isto mesmo, pelo bem das crianças”, indica.

As várias intervenções destacaram a “complexidade” do fenómeno dos abusos sexuais.

“A maneira de o enfrentar e resolver é também com tudo aquilo que as ciências humanas, a sabedoria e, para nós crentes, a fé possa contribuir”, realça o presidente da CEP.

“É uma questão realmente muito ampla, que toca zonas muito profundas da humanidade que somos e que, às vezes, não são boas, precisam de ser corrigidas, compreendidas e ultrapassadas. É um fenómeno moral, com certeza, mas também psíquico e até psiquiátrico, sociológico, cultural”, prossegue.

O presidente da CEP considerou que o futuro passa pelo “reforço do propósito” assumido normas de 2012, em vigor na Igreja Católica em Portugal.

“Mais do que o propósito, da prática que nós já vimos desenvolvendo, com grandes indicações da Santa Sé, de há uns anos a esta parte, e que em Portugal já passou por aquelas normas de 2012, que nós estamos a aplicar nas nossas dioceses, para prevenir e, na medida do possível, remediar situações destas, que não podem acontecer”, observou.

É desenvolver aquilo que já vamos fazendo, que é ajudar-nos uns aos outros, coisa que já é praticada, até porque nós nos encontramos várias vezes, e por isso as soluções que um tem podem servir também para outro. Isso faz parte da partilha da Igreja em todos os aspetos e neste, que é prioritário, também”.

O cardeal-patriarca considera muito positivo o decorrer dos trabalhos, com contributos “de muitos continentes, de muitas culturas, muitas sociedades”, sobre a questão dos abusos e da proteção dos mais vulneráveis.

“Para todos nós ficou mais claro, se isso se pode dizer, que isto é uma absoluta prioridade”, concluiu D. Manuel Clemente.

O programa da cimeira prossegue, este sábado, com um dia de trabalhos dedicado ao tema da “transparência”, que culmina com uma Liturgia Penitencial, na sala régia do Palácio Apostólico do Vaticano, que inclui o testemunho de uma vítima de abusos.

G.I./Ecclesia:OC

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