O tradicional concerto do Padroeiro da Diocese e da cidade de Viseu, que abre as celebrações do Dia S. Teotónio (18 de fevereiro), homenageou este ano o Padre Manuel Pais Messias.
Natural de Cunha Baixa, concelho de Mangualde, foi de uma inexcedível dedicação à música e às bandas filarmónicas, não apenas nas paróquias de Lobelhe do Mato e Alcafache, onde foi pároco durante 48 anos, mas de toda a Diocese. “No concerto deste ano, queremos recordar um sacerdote da nossa Diocese que se dedicou de alma e coração à música, sobretudo com as bandas filarmónicas: o Padre Manuel Pais Messias”, destacou o presidente do Coro Diocesano de S. Teotónio, o Cónego Jorge Seixas, na abertura do concerto. O Cónego lembrou ainda “o seu entusiasmo e a sua paixão pela música, ajudando e ensinando nas bandas filarmónicas”, trabalho que “deixou marcas que ainda hoje se recordam com saudade em muitas bandas da Diocese e do distrito de Viseu”.
No sábado, dezasseis, à noite, na Igreja do Seminário Maior de Viseu, assistiu-se a um momento único, ao longo de uma hora. O concerto do Padroeiro – que se repetiu em Mangualde na tarde de domingo – dividiu-se este ano em três partes, em que se pôde ouvir a banda de Lobelhe a tocar ‘Columbus’, ‘Earth Song’ e ‘Torrents of Fire’. Logo depois, o Coro de S. Teotónio começou pelo ‘Hino de S. Teotónio’ e continuou com os temas ‘Gloria’, ‘Credo’ da Missa Brevis de Jacob de Haan e ‘Ecce Sacerdos Magnus’. No final juntaram-se em palco para apresentar um arranjo original composto pelos temas ‘Jesus Christ you are my Life’ (Marco Frisina) e o ‘Hino da Diocese de Viseu’ (Padres António Cartageno e Paulo Diamantino). “Foi um desafio novo. Uma experiência muito enriquecedora e para a banda uma experiência completamente nova”, adiantou o maestro da Sociedade Filarmónica Lobelhense, Bruno Correia, no final do concerto de sábado, acrescentando que o repto lançado pelo Cónego Jorge Seixas foi aceite “com todo o agrado”: “Sendo um concerto dedicado a um pároco da nossa Paróquia ainda é maior a motivação”. De resto, motivação é o que não falta a uma filarmónica que nasceu em 1863 e hoje, sedeada numa povoação de apenas 350 habitantes, continua a formar jovens músicos que depois integram a orquestra. Atualmente é constituída por 35 músicos executantes, das freguesias de Lobelhe do Mato, Moimenta de Maceira Dão, Espinho, Fornos de Maceira Dão, Mangualde e Viseu. O maestro – um jovem professor de educação musical, natural de Lobelhe, integra o projeto há 22 anos e está há nove a dirigir a orquestra – revelou que a motivação para fazer funcionar uma banda centenária é mesmo a história da banda: “A aldeia é relativamente pequena e a Filarmónica é o ex-libris da aldeia com a sua história, que é o grande peso para nós e para o futuro”. A Sociedade Filarmónica Lobelhense integra uma escola de música onde se forma a maioria dos elementos da orquestra. A sua atividade passa pela participação em concertos regulares “principalmente em cerimónias religiosas”, reforçou Bruno Correia. O maestro reconheceu que “as muitas fontes de atração” que os jovens têm hoje, dificultam a fixação dos músicos à banda, mas o facto de integrar rapazes e raparigas de localidades vizinhas “tem mantido o equilibro” do projeto.
SENSIBILIDADE SOCIAL DE SÃO TEOTÓNIO
Há seis anos que o Coro de S. Teotónio existe e convida uma instituição da Diocese para o concerto anual de homenagem ao Padroeiro, deixando uma mensagem de “partilha” e de “respeito pelo bem comum”, justificou o Cónego Jorge Seixas. O responsável acrescentou que o concerto realizado próximo do Dia de S. Teotónio visa celebrar, através da música, a figura do primeiro santo português, não só pela missão que exerceu na cidade de Viseu e no país, mas lembrando a sua sensibilidade social “enraizada nos [seus] textos sagrados, sobretudo nos Evangelhos”, que continua atual. “Sabemos que continuam a existir situações sociais a clamar por auxílio, episódios frequentes de atropelos à dignidade humana, mãos que se estendem aguardando por algum gesto de generosidade”, sublinhou. Ao reconhecer que hoje continuamos a procurar “testemunhos de vida de absoluta entrega aos necessitados”, o Cónego deixou um desafio: “Será bom recordar a ação próxima, generosa, humilde e desinteressada de S. Teotónio, não ficando pela simples memória, mas no propósito de o imitar na grandiosidade dos seus pequenos e discretos gestos”. Ausente de Viseu, o Bispo da Diocese, D. António Luciano, deixou uma mensagem de “agradecimento”, no concerto de abertura das cerimónias comemorativas do Dia de S. Teotónio, ao Coro Diocesano, reconhecia na mensagem “o trabalho feito na dignidade das celebrações litúrgicas da Catedral e na promoção e cultivo da música litúrgica e da música sacra na Diocese de Viseu”.
G.I./J.B.:EA