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Jesuíta Vasco Pinto Magalhães fala em dias de folia, nos quais se diz «adeus» ao que está para trás.

O jesuíta Vasco Pinto Magalhães sugere que o Carnaval é um tempo para “tirar a máscara” e que estes dias podem servir para iniciar o caminho quaresmal, um percurso de 40 dias, rumo à Páscoa.

“O Carnaval, na medida em que se pode disparatar, seria um adeus ao que está para trás, para iniciar um caminho novo e encarar como a preparação para a conversão”, indica o sacerdote, numa entrevista à Agência ECCLESIA sobre o significado deste tempo de alegria e folia.

“(O Carnaval) não é separável se for vivido como um momento de transição, de sair de um tempo regularizável para outro específico. Há um ritmo”, sugere.

O ‘faz de conta’ e as máscaras são importantes na vida de uma pessoa e de uma criança que se descobre na relação com os outros e que, inicialmente, “cresce por imitação”.

“A máscara tem a ver com a necessidade de procurar as nossas identidades múltiplas”, refere o jesuíta.

O teatro vive disso. E, para as crianças que estão à procura do que querem ser, embora seja um caminho de identidade e personalização, não faz mal nenhum”.

O entrevistado alerta para o perigo da despersonalização, quando as comparações e imitações dão lugar a um “mimetismo doente”, em que a pessoa “não suporta quem é”.

Um processo saudável de experimentação compreende três dimensões: “a identidade mais interior, a relação com os outros de forma mais eficaz, e, para quem tem fé, corresponde à vontade de Deus”.

Segundo Vasco Pinto Magalhães, na vida atual, onde “se engole sem mastigar”, onde se “trabalha muito e mal”, “sem ritmo, horas a fio, com horários de pressão, sem respiração”, vestem-se máscaras: “Põe-se a gravata para o trabalho, chega-se a casa e põem-se as pantufas… são linguagens. Há pessoas que vivem mascaradas, vestiram a farda da sua profissão e têm dificuldade em tirar. O Carnaval é precisamente para tirar a máscara”.

“Vivemos condicionados por comportamentos sociais, pelo nosso «dever ser», as nossas exigências interiores e pensamos que isso é um certo descanso. Até é. O grande perigo são os exageros”, regista o jesuíta.

Colocar a máscara, faz parte da vivência social, mas adverte o padre Vasco para o necessário equilíbrio para viver relações saudáveis, nem sempre fácil de identificar pelo tempo do ‘rapidismo’ que se vive.

Não é fácil porque vivemos hoje num mundo extrovertido e, no mau sentido, divertido. Precisamos de ter a capacidade de parar, interiorizar, olhar para dentro, avaliar as relações. Hoje não há tempo para isso. As pessoas vivem exteriorizadas, no mau sentido”.

Neste tempo de Carnaval há quem opte por se retirar e, em vez de “fazer uma viagem”, fazer um retiro.

“As pessoas participam num retiro espiritual para descansar e o que nos descansa é um encontro connosco próprios, encontrar-se com Deus: não há nada que mais descanse do que estar na presença de quem nos ama”, observa o padre Vasco Pinto Magalhães.

A vida é pautada por ritmos e tempos que ajudam a introduzir novas épocas e a fechar outras, sendo o Carnaval uma festa que faz a ponte com o caminho de 40 dias que a Igreja católica propõe aos cristãos rumo à Páscoa.

“Dizemos que Quaresma é um tempo de conversão, de reencontro connosco, e é. Fala-se num tempo de penitência, mas esquecemo-nos de que penitência significa mudança. Claro que isso exige esforço, reconhecer o que precisa ser mudado, o que pode ser mudado e como”, aponta o religioso jesuíta.

A entrevista ao padre Vasco Pinto Magalhães pode ser acompanhada no programa Ecclesia, na Antena 1 da rádio pública, este domingo às 06h00, e na terça-feira, na RTP2, pelas 15h00.

G.I./Ecclesia:LS

CategoryIgreja, Pastoral

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