Open/Close Menu A Diocese de Viseu é uma circunscrição eclesiástica da Igreja Católica em Portugal

A Quaresma é um tempo favorável de graça, um convite à renovação espiritual, uma oportunidade para tomarmos consciência da nossa vocação cristã e descobrirmos o verdadeiro caminho de conversão interior “através do jejum, da oração e da esmola”. 

Chamados a fazer este itinerário interior e exterior através da peregrinação do “deserto da criação” para entrarmos efetivamente naquele “jardim da comunhão com Deus”, esforcemo-nos por chegar ao coração de Deus rico de amor, perdão e misericórdia, para chegarmos à Páscoa também nós com um coração verdadeiramente renovado para a missão da Igreja.

  1. Aprendamos a viver este tempo da Quaresma como quarenta dias de retiro espiritual que nos conduzem, renovados, à celebração festiva do Mistério Pascal; Com uma resposta de vida autêntica, orante, em disciplina interior, vivendo o jejum proposto pela Igreja, com espírito de verdadeira penitência e caridade evangélica, olhando para as necessidades dos nossos irmãos sofredores da Venezuela, a quem destinamos parte da nossa Renúncia Quaresmal, sendo outra parte para o Fundo de Emergência Social da Diocese.
  2. Na fidelidade a Deus, o homem coopera com a obra do Criador que geme esperando a sua verdadeira libertação. “Se o homem vive como Filho de Deus, se vive como pessoa redimida, que se deixa guiar pelo Espírito Santo (cf. Rm 8, 14), e sabe reconhecer e praticar a lei de Deus, a começar pela lei gravada no seu coração e na natureza, beneficia também a criação, cooperando para a sua redenção” (Papa Francisco).

Neste contexto, a Quaresma deve ser aproveitada como uma experiência única para vivermos a verdadeira ecologia, trabalharmos um relacionamento sadio, buscando a verdade  da fé na nossa relação com Deus, connosco mesmos, com os outros e com a própria natureza.

  1. Olhando continuamente para a Páscoa e vislumbrando a ação do Ressuscitado na nossa vida e da Igreja, convido cada um, individualmente e em comunidade, a termos presente os seguintes meios de ajuda espiritual:

– Uma escuta quotidiana e jubilosa da Palavra de Deus, através da leitura, do estudo, da meditação ou da prática da Lectio Divina, intensificar a oração pessoal e comunitária e levá-la à vida concreta, ao apostolado. Celebrar a Via-Sacra, rezar o terço e outros exercícios de piedade quaresmal.

Participação mais ativa na celebração da Eucaristia e uma prática e celebração eficaz do Sacramento da Reconciliação, a vivência das Bem-Aventuranças e a prática das Obras de Misericórdia, partilhando com os mais necessitados os nossos recursos económicos, o nosso tempo e a nossa alegria em servir.

– Empenhamento na prática do bem, como força inovadora e de renovação espiritual capaz de destruir o mal. O bem nasce no nosso coração pelo dom da graça de Deus que ama o pecador e lhe oferece o perdão e a misericórdia. A misericórdia de Deus é infinitamente maior do que qualquer pecado.

No mundo em que vivemos, marcado pela violência, pelo pecado, pela indiferença e futilidade da vida, devemos esforçar-nos por crescer nas virtudes da justiça, da temperança, da fortaleza e da prudência.

– A Quaresma oferece-nos muitos meios individuais e comunitários para nos prepararmos convenientemente de modo cristão para a Páscoa. Lembro a prática dos Retiros Quaresmais, das Conferências Quaresmais, a Celebração dos Mistérios da Paixão de Cristo, nas tradicionais procissões dos Passos do Senhor, a Ementa das Almas e outras propostas existentes já em muitas comunidades da nossa Diocese.

Onde não existem ainda estas práticas, era bom que neste Ano Missionário, como autênticos discípulos missionários, se inovasse e realizasse algo de concreto pela missão. Eis algumas sugestões:

– Celebrar o dia de Quarta-Feira de Cinzas, dia de jejum e abstinência;  viver as sextas feiras da Quaresma, como dias de abstinência com espírito de oração e verdadeira penitência, especialmente a Sexta-Feira Santa, dia de jejum e de abstinência; viver cada domingo da Quaresma com uma dinâmica verdadeiramente eclesial e quaresmal; viver o Dia da Cáritas com espírito de partilha, caridade e visita aos doentes  e a todos os que vivem a fragilidade e experimentam a solidão; proporcionar aos jovens um caminho de discernimento vocacional e  aos adultos uma experiência de encontro e proximidade com todos, a começar pela família, pelos ambientes de trabalho, pela escola, e estendendo-se a toda a comunidade; organizar  na paróquia, nas unidades pastorais ou no arciprestado uma Via-Sacra com espírito missionário onde participem os jovens e membros de movimentos e obras; promover a celebração do Sacramento da Reconciliação e Penitência; celebrar o Sacramento da Unção com os doentes e outras pessoas preparadas para o receberem; programar nas paróquias um dia de retiro aberto a todos, um tempo de reflexão, de estudo e oração sobre uma dinâmica espiritual da Quaresma; viver intensamente “as 24 horas para o Senhor” na Adoração Eucarística e na vivência do Sacramento da Reconciliação (29 e 30 de março de 2019);  partilhar o contributo penitencial explicando a sua finalidade aos fiéis; partilhar a renúncia quaresmal no Domingo de Ramos.

  1. Procuremos viver intensamente e com seriedade este tempo de renovação humana, moral e espiritual que Deus pede a todos os cristãos. Rezemos mais intensamente por todo o povo de Deus, pelo Santo Padre, pelos Bispos, pelos sacerdotes, diáconos e consagrados, por todos os fiéis leigos. Rezemos pela purificação e santificação da Igreja, pelas vítimas dos abusos, pelos que são vítimas de violência doméstica, da descriminação e racismo, pelos deslocados e refugiados, pela conversão dos pecadores, pela santificação das famílias e dos jovens e pelo aumento das vocações de consagração na Igreja.

Que a mensagem do Papa Francisco nos inspire a fazer este caminho de conversão, de graça e de salvação “para alcançar a liberdade na glória dos filhos de Deus” (Papa Francisco), e chegarmos às festas da Páscoa de Jesus na companhia jubilosa da Santíssima Virgem Maria e de São José.

Com uma bênção de Deus para todos vós, o vosso Bispo, o Pastor que Deus enviou a esta Igreja de Viseu, reza por vós.

+ António Luciano dos Santos Costa, Bispo de Viseu

G.I.

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