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Papa Francisco desafiou Igreja a apresentar «Evangelho da misericórdia» junto de todos.

O Papa Francisco encerrou hoje a sua visita de dois dias a Marrocos com uma Missa para a comunidade católica, que tem cerca de 25 mil pessoas no país (0,07% da população), junto dos quais deixou uma mensagem contra o ódio e a violência.

“A experiência diz-nos que a única coisa que conseguem o ódio, a divisão e a vingança é matar a alma da nossa gente, envenenar a esperança dos nossos filhos, destruir e fazer desaparecer tudo o que amamos”, disse, perante milhares de pessoas reunidas no complexo desportivo ‘Principe Moulay Abdellah’, na homilia da celebração, em espanhol e francês.

Perante migrantes de várias proveniências, membros do clero e de institutos religiosos, Francisco admitiu que muitas circunstâncias podem alimentar a divisão e o conflito, levando a acreditar no ódio e na vingança como “formas legítimas de obter justiça de maneira rápida e eficaz”.

“Só se formos capazes diariamente de levantar os olhos para o céu e dizer Pai Nosso, é que poderemos entrar numa dinâmica que nos possibilite olhar e ousar viver, não como inimigos, mas como irmãos”, acrescentou.

O Papa centrou a sua reflexão na passagem do Evangelho que foi lida hoje nas igrejas de todo o mundo, conhecida como a parábola do ‘filho pródigo’, convidando todos a aceitar “um pai capaz de perdoar, disposto a esperar e velar para que ninguém fique de fora”.

“No limiar daquela casa, parece manifestar-se o mistério da nossa humanidade: por um lado, temos a festa pelo filho reencontrado e, por outro, um certo sentimento de traição e indignação por se festejar o seu regresso”, assinalou.

Francisco retomou a passagem do primeiro livro da Bíblia, sobre Caim e Abel, em que o primeiro, após assassinar o seu irmão, se recusa a ser questionado como seu “guardião”.

Segundo o Papa, o desígnio de Deus é que “todos os seus filhos tomem parte na sua alegria” e que ninguém viva em condições desumanas” nem “na orfandade, isolamento ou amargura”.

Em vez de nos medirmos ou classificarmos com base numa condição moral, social, étnica ou religiosa, podemos reconhecer que existe outra condição que ninguém poderá apagar ou aniquilar, pois é puro dom: a condição de filhos amados, esperados e festejados pelo Pai”.

O pontífice agradeceu aos presentes pelo seu “testemunho do Evangelho da misericórdia” e desafiou-os a permanecer “ao lado dos humildes e dos pobres, daqueles que são rejeitados, abandonados e ignorados”.

 “Que o Misericordioso e o Clemente – como tantas vezes o invocam os nossos irmãos e irmãs muçulmanos – vos fortaleça e faça frutificar as obras do vosso amor”, concluiu.

A primeira viagem do Papa Francisco a Marrocos começou este sábado, com apelos ao diálogo inter-religioso e ao respeito pelos migrantes, tendo sido assinada uma declaração conjunta, com o rei Muhammed VI, sobre o estatuto de Jerusalém; o domingo foi dedicado à minoria católica, com novas mensagens contra a intolerância.

G.I./Ecclesia:OC

CategoryIgreja, Papa, Pastoral

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