Entrevista aborda polémicas na vida da Igreja e admite necessidade de ir «limpando» o Vaticano.
O Papa disse numa entrevista publicada hoje que as migrações decorrem de um sistema económico capitalista “concebido como selvagem”, criticando quem fomenta guerras e desigualdades.
Francisco falava ao jornalista Jordi Evole, numa conversa que vai ser emitida este domingo pelo canal de televisão espanhol ‘laSexta’.
Após afirmar que quem levanta um muro “acaba prisioneiro” do mesmo, o Papa apontou o dedo à “injustiça de quem fecha a porta” a migrantes e refugiados que fogem das guerras, da fome ou da exploração.
Num olhar sobre temas internos da Igreja Católica, o pontífice admitiu que o Vaticano não está a salvo dos “pecados e vergonhas” de outras sociedades, pelo que a solução é “ir limpando”
“Somos homens e temos os mesmos limites, caímos, por vezes, nas mesmas coisas. Há que ir limpando. O trabalho a fazer é ir limpando, limpando, limpando”, refere, na entrevista publicada hoje pelo jornal ‘La Vanguardia’.
Relativamente à inédita cimeira mundial sobre proteção de menores, que decorreu em fevereiro, o Papa recordou que a mesma convidou as vítimas a denunciar os casos à polícia, admitindo que algumas pessoas possam ter ficado “insatisfeitas” com o resultado.
“Quando há uma dor no meio, temos de calar, rezar, chorar, acompanhar e pronto. Mas iniciar processos é o caminho para que a cura seja irreversível”, declarou.
Já sobre o papel das mulheres da Igreja, Francisco insistiu na ideia de que o debate “vai além da funcionalidade”.
“A Igreja não pode ser Igreja sem a mulher, porque a Igreja é mulher, é feminina. É a Igreja, não o Igreja. Uma dimensão sem feminilidade na Igreja faz com que a Igreja não seja Igreja”, observou.
O Papa afirmou ainda que “entenderia o desespero” de uma mulher que quisesse abortar, mas sublinhou que “não é lícito eliminar uma vida humana para resolver um problema”.
G.I./Ecclesia:OC