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Papa escolheu religiosa italiana, empenhada na defesa de mulheres e crianças traficadas, para redigir meditações da cerimónia de Sexta-feira Santa.

–O Papa Francisco confiou a uma religiosa italiana, conhecida pelo seu compromisso na luta contra a o tráfico de pessoas, a redação das meditações da Via-Sacra do Coliseu, que decorre na Sexta-feira Santa, este ano a 19 de abril, pelas 21h15 (menos uma em Lisboa).

A irmã Eugenia Bonetti, missionária da Consolata, é presidente da Associação ‘Slaves no more’ (Escravos nunca mais) e destaca-se pela sua ação em defesa de mulheres e crianças que são traficadas e obrigadas a prostituir-se.

Em nota divulgada hoje, o Vaticano explica que “o sofrimento de tantas pessoas, vítimas do tráfico de seres humanos, será parte central das meditações”.

O tema tem sido uma das preocupações do atual pontificado; no último sábado, durante a viagem a Marrocos, Francisco recordou “as vítimas do tráfico e das novas formas de escravidão nas mãos de organizações criminosas”.

No âmbito da luta contra o tráfico de seres humanos e a escravidão, o Vaticano publicou em janeiro um documento de 40 páginas, disponível em português, com “orientações pastorais sobre o tráfico de pessoas”, nas quais alerta para os perigos crescentes do “contrabando de migrantes” e pede uma ação concertada, a nível internacional, na defesa das vítimas.

“O contrabando de migrantes conduz com frequência ao crime do tráfico de seres humanos. Muitos adultos, ao procurarem escapar à guerra ou aos desastres naturais, acabam por se tornar vítimas do tráfico ou por ser forçados à escravidão”, adverte a secção ‘Migrantes e Refugiados’ do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral (Santa Sé), criado pelo Papa Francisco.

O novo “manual” para as comunidades católicas e instituições religiosas adverte para a linha “cada vez mais ténue” que separa o contrabando de migrantes e o tráfico humano.

Nos últimos anos, em fluxos maciços de migrantes e refugiados, muitas pessoas desesperadas, compelidas pela falta de acesso legal e de alternativas – também devido a políticas de migração cada vez mais restritivas -, começaram como clientes de contrabandistas e acabaram por tornar-se vítimas de traficantes”.

A Santa Sé defende um reforço dos programas humanitários governamentais e não-governamentais, bem como do investimento no campo do desenvolvimento, considerando que “a cooperação e coordenação entre organizações nacionais e internacionais são cruciais e fundamentais para erradicar o tráfico humano”.

No início de 2015, o Papa Francisco dedicou a sua Mensagem anual para o Dia Mundial da Paz à luta contra o tráfico de pessoas.

“Estamos perante um fenómeno mundial que excede as competências de uma única comunidade ou nação” e, por conseguinte, “é preciso uma mobilização de dimensões comparáveis às do próprio fenómeno”, escreveu então.

Todos os anos, o Papa pede a um autor diferente a redação dos textos de reflexão apresentados nas estações da Via Sacra de Sexta-feira Santa, seguida por dezenas de milhares de peregrinos, com velas na mão.

Em 2018, as meditações foram escritas por um grupo de jovens estudantes de Roma; no atual pontificado, as meditações tinham também sido confiadas ao cardeal Béchara Boutros Raï, patriarca de Antioquia dos maronitas (Líbano), com a colaboração de vários jovens do seu país (2013); ao arcebispo italiano D. Giancarlo Maria Bregantini (2014); ao bispo italiano D. Renato Corti, antigo responsável pela diocese de Novara (2015); ao cardeal Gualtiero Bassetti, da diocese italiana de Perugia (2016); e à biblista francesa Anne-Marie Pelletier (2017).

G.I./Ecclesia:OC

 

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