O Papa presidiu hoje à Via-Sacra no Coliseu de Roma, celebração em que convidou a rezar pelas “cruzes do mundo” e pediu a intercessão de Deus também para as fragilidades da Igreja Católica.
Na oração final da Via-Sacra, na noite desta Sexta-Feira Santa, Francisco destacou “a cruz da Igreja”, que hoje “se sente continuamente atacada por dentro e por fora”.
O Papa argentino lembrou todas as “pessoas consagradas que, ao longo do caminho, se esqueceram do seu primeiro amor” e aqueles que “incansavelmente” procuram “trazer a luz de Cristo ao mundo e se sentem rejeitados, ridicularizados e humilhados”.
Perante mais de 15 mil fiéis que tomaram parte nesta celebração da Via-Sacra, à volta do Coliseu de Roma, o Papa rezou também pela “Igreja que, fiel ao Evangelho, sofre para levar o amor de Deus até entre os próprios batizados”.
Mas não esqueceu “a cruz das fraquezas, das hipocrisias, das traições, dos pecados e das inúmeras promessas quebradas”.
Este ano, a Via-Sacra no Coliseu de Roma foi vivida a partir das meditações da irmã Eugenia Bonetti, uma religiosa italiana ligada aos Missionários da Consolata, que é também presidente da Associação ‘Slaves no more’ (Escravos nunca mais), que se tem dedicado à defesa dos mais explorados e excluídos da sociedade.
No âmago desta celebração, e das suas 14 Estações, esteve o tema dos “novos crucificados de hoje”, em especial as vítimas de tráfico humano, homens, mulheres e crianças, migrantes e refugiados, alvos de todo o tipo de exploração.
Na sua oração final, o Papa resumiu e reforçou as intenções que marcaram as meditações propostas pela irmã Eugenia Bonetti.
Francisco recordou todos quantos passam “fome de pão e amor”, as pessoas que “vivem sós e abandonadas até pelos seus próprios filhos e parentes”, e todas aquelas que estão “sedentas de justiça e paz”.
O Papa argentino pediu a oração dos participantes da Via-Sacra também para todos quantos “não têm o conforto da fé”, para os “idosos que se arrastam sob o peso dos anos e da solidão”, e para os “pequeninos, feridos na sua inocência e na sua pureza”.
Sobre a atual crise migratória que persiste no mundo e que toca a Europa, o Papa apontou para o drama de todos os homens, mulheres e crianças, de todas as famílias “que encontram as portas fechadas por causa do medo e dos corações blindados por cálculos políticos”.
No Coliseu de Roma foram recordadas as muitas vidas perdidas, de migrantes e refugiados, que para fugirem à guerra e a outros flagelos sociais encontraram a morte no mar ou no deserto.
Francisco exortou também a rezar pela “humanidade que vagueia na escuridão da incerteza e nas trevas da cultura do momento” e pelas “famílias despedaçadas pela traição, pelas seduções do maligno ou por uma tendência homicida de leveza e egoísmo”.
E não esqueceu a situação da Terra, de uma Casa Comum que hoje “definha gravemente diante de um olhar egoísta e cego pela avidez e pelo poder”.
“Senhor Jesus, reaviva em nós a esperança da ressurreição e da tua vitória definitiva contra todo o mal e toda a morte”, completou o Papa, no final da Via-Sacra.
Ao longo das 14 Estações, a cruz foi levada simbolicamente por pessoas de diferentes realidades, com destaque para a participação do vigário de Roma, o cardeal Angelo De Donatis, de casais e famílias, de religiosos empenhados na missão e na assistência, de membros de organizações empenhadas no apoio aos migrantes e refugiados.
Realce ainda para a participação dos padres Francois M. Shamiyeh e Theodorus Beta Herdistyan, em representação da Terra Santa, e de membros da organização UNITALSI, que integra voluntários que prestam apoio aos peregrinos na zona do Coliseu, e em especial aos portadores de deficiência.
Uma destas pessoas, Constantino Fois, transportou a cruz durante a Quarta Estação, acompanhada por três voluntários da UNITALSI.
G.I./Ecclesia:JCP