Solange Pereira diz que muitos jovens vivem sem «trabalho digno».
A presidente nacional da Juventude Operária Católica (JOC) denunciou à Agência ECCLESIA a falta de um “trabalho digno” que afeta muitos jovens em Portugal.
“Muitos pensam que isto não existe, que esta precariedade não existe na nossa sociedade”, diz Solange Pereira.
Recibos verdes e 500 euros são palavras que se repetem na vida de muitos jovens, uma barreira que a responsável considera “difícil de ultrapassar”.
“Os nossos jovens estão a adiar cada vez mais a sua emancipação”, adverte, seja pelo prolongamento dos estudos ou pelos baixos salários e a precariedade de quem trabalha.
A JOC é apresentada como “um movimento que está no terreno, que trabalha com jovens no desemprego, jovens que vivem em situações indignas, apesar de terem emprego”.
Solange Pereira observa que a situação “concreta” dos jovens vai para lá das universidades.
“Acabamos por esquecer-nos daqueles que acabaram o secundário e que, por diversas circunstâncias da vida não quiseram prosseguir os estudos ou não tinham posses para o fazer”, entrando no mercado do trabalho, bem como os jovens dos cursos profissionais.
Para a responsável do movimento católico, o alerta sobre trabalho precário “não tem só a ver com um salário baixo”, mas também com a “questão da dignidade”.
“O meu atual trabalho acaba por ser resumir a um dia de stress, pressão e tristeza. Quando iniciei este projeto, sempre soube que seria algo desafiante, mas não ao ponto de todos os dias me sentir infeliz. Posso partilhar o que me desagrada no meu emprego e como isto me tem prejudicado a nível psicológico: trabalho 9 horas por dia e as horas extra não são pagas. ‘É minha obrigação’, dizem. Sou insultada diariamente e rebaixada pelos meus próprios superiores”. (Testemunho de trabalhadora publicada na revista da JOC)
A JOC vai estar presente na rua, neste Dia do Trabalhador, considerando que esta não é uma manifestação do passado
“Sinto que os jovens cada vez mais estão a ir ao 1.º de maio, vendo nele um dia de luta pelos seus direitos”, conclui Solange Pereira.
A Igreja Católica celebra desde 1955 a festa litúrgica de São José Operário, como forma de associar-se à comemoração mundial do Dia do Trabalhador, uma decisão do Papa Pio XII.
G.I./Ecclesia:LS/OC