«Ou a comunidade internacional ajuda ou não se poderá esperar ultrapassar esta situação tão cedo», diz D. Cláudio Dalla Zuana.
O arcebispo da Beira, em Moçambique, lançou um apelo à comunidade internacional para que não esmoreça no apoio a este país lusófono, onde dois meses depois da catástrofe do ciclone Idai a situação continua muito difícil.
“Ou a comunidade internacional ajuda ou não se poderá esperar ultrapassar esta situação tão cedo”, disse hoje à Agência ECCLESIA D. Cláudio Dalla Zuana.
Entre os dias 31 de maio e 1 de junho, a cidade da Beira, zona mais atingida pelo desastre natural, acolhe uma conferência organizada pelo Governo moçambicano com diversos dadores internacionais.
Durante este evento, o Executivo vai apresentar a estes parceiros um pedido de ajuda no valor de 3,2 mil milhões de dólares (2,8 mil milhões de euros) para ajudar à reconstrução das zonas afetadas pelo ciclone Idai, que causou 602 mortos e deixou perto de dois milhões de pessoas a sofrer com diversas necessidades.
“A situação da habitação continua a ser o problema mais difícil, e as zonas mais afetadas são os bairros sociais, onde não existem serviços nem estruturas. Em muitos bairros nem sequer existem ruas nem saneamento, e reconstruir nas mesmas condições não será possível”, frisa o arcebispo da Beira.
O responsável católico espera por isso mesmo que, durante a referida conferência, seja traçada uma estratégia eficaz de reconstrução para as muitas casas que foram destruídas.
“Acho que esta é a grande prioridade e sem isto acho que ninguém, nenhuma instituição pública vai financiar a reconstrução, sem saber onde nem como reconstruir. Esse é o grande esforço que deve ser feito agora”, sustentou D. Cláudio Dalla Zuana.
De acordo com as Nações Unidas, o apoio financeiro que já chegou a Moçambique está ainda muito abaixo daquilo que foi prometido.
O contexto do país agravou-se ainda mais depois da recente passagem de outra tempestade tropical pelo território, o furação Kenneth, que atingiu a zona norte da nação, provocando 45 mortos e afetando cerca de 286 mil pessoas.
“Claro que o ciclone Kenneth veio piorar a situação, aumentar o esforço do país”, aponta o arcebispo da Beira que, no entanto, destaca a grande união nacional que tem estado por trás de todas as respostas que estão a ser dada às populações.
A promoção da conferência do Governo com os dadores internacionais, na cidade da Beira, será um dos exemplos dessa comunhão.
“O primeiro sinal positivo que essa conferência dá é precisamente de unidade. Aqui a cidade da Beira é governada pela Oposição, mas o Governo e o Município local estão a colaborar juntos nesta iniciativa”, explica D. Cláudio Dalla Zuana.
Entre 31 de maio e 1 de junho, a conferência com dadores internacionais, no âmbito da tragédia que atingiu Moçambique, deverá contar com cerca de 700 participantes.
A verba que está a ser apontada como necessária para a recuperação do país, de 2,8 mil milhões de euros, foi apurada através da colaboração de parceiros de cooperação da União Europeia e da Organização das Nações Unidas.
G.I./Ecclesia:JCP