Papa Francisco deixa alertas, em discurso à confederação internacional da Cáritas.
O Papa questionou hoje no Vaticano quem transforma a caridade num “negócio”, falando perante a assembleia magna da confederação internacional da Cáritas.
“É escandaloso ver agentes de caridade que a transformam em negócios: falam muito de caridade, mas vivem no luxo, no esbanjamento, ou organizam fóruns sobre a caridade, desperdiçando inutilmente muito dinheiro”, advertiu Francisco.
Num discurso dirigido aos participantes na XXI assembleia geral da ‘Caritas Internationalis’, que se conclui esta terça-feira, em Roma, o pontífice sustentou que ninguém pode viver sem ter “relações interpessoais com os pobres: vivendo com os pobres e para os pobres”.
“Os pobres não são números, mas pessoas. Porque vivendo com os pobres, aprendemos a praticar a caridade com o espírito de pobreza, aprendemos que a caridade é partilha. Na realidade, não só a caridade que não chega ao bolso é uma falsa caridade, mas a caridade que não envolve o coração, a alma e todo o nosso ser é uma ideia de caridade que ainda não se realizou”, precisou.
O Papa alertou para a tentação de viver uma caridade “hipócrita ou enganosa”, como se fosse um ‘comprimido’ para acalmar “consciências inquietas”.
“É por isso que devemos evitar equiparar o trabalho de caridade a eficácia filantrópica, eficiência de planeamento ou organização exagerada e efervescente”, recomendou.
Francisco lamentou que, na Igreja Católica, alguns agentes de caridade se transformem em “funcionários e burocratas”.
O grupo de 400 pessoas incluiu representantes da Cáritas Portuguesa.
“O que nunca devemos esquecer é que a caridade tem a sua origem e a sua essência em Deus mesmo; a caridade é o abraço de Deus nosso Pai a todo homem, de modo particular aos últimos e aos sofredores, os quais ocupam no seu coração um lugar preferencial”, declarou.
G.I./Ecclesia:OC