Comunicado final da 21.ª assembleia geral do organismo realça desafios como «a onda massiva de migração forçada» e os surtos de «populismo e polarização».
A Cáritas Internacional quer reforçar a colaboração entre a Igreja Católica, as instituições humanitárias e a sociedade civil no sentido de responder àquilo que classifica como uma “crise sem precedentes” a nível mundial.
No comunicado final da assembleia geral que decorreu em Roma, entre os dias 23 e 28 de maio, aquele organismo aponta para desafios como “a onda massiva de migração forçada, o “crescente fosso de desigualdade económica e social”, os sucessivos casos de “corrupção ou má governação”, e os surtos de “populismo e polarização”.
Também as situações de “perseguição religiosa e política” que têm assolado diversos países e a “proliferação dos conflitos” um pouco por todo o globo.
“Estamos conscientes de que atravessamos uma crise sem precedentes, que requer uma grande colaboração – dentro da nossa confederação, no meio de toda a Igreja Católica e com outras agências e instituições humanitárias”, pode ler-se.
A Cáritas Internacional traça ainda como ponto “essencial”, a “proteção e o cuidado das crianças e adolescentes” e das “pessoas mais vulneráveis, com tolerância zero para as situações de exploração e de abuso sexual”.
O mesmo organismo mostra-se empenhado em mudar o paradigma também no mundo laboral, para que todos possam “trabalhar num ambiente livre de intimidação, de hostilidade, de humilhação ou de bullying”.
A 21.ª assembleia geral da Cáritas Internacional, que acontece de quatro em quatro anos, teve desta vez como tema “Uma Família Humana, Uma Casa Comum”.
No encontro em Roma estiveram cerca de 400 representantes de 168 delegações da confederação da Cáritas em todo o mundo, incluindo de Portugal.
Do nosso país seguiram para a capital italiana o presidente da Cáritas Portuguesa, Eugénio Fonseca; o secretário-geral, João Pereira; e ainda a presidente da Cáritas Diocesana dos Açores, Anabela Borba.
Durante o evento, os participantes “reafirmaram o seu compromisso para a construção de um mundo onde Deus seja reconhecido na prática do amor, da justiça e da paz, onde a solidariedade seja um objetivo para todos, para que não existam mais pessoas excluídas, exploradas ou abusadas, onde as pessoas vivam com dignidade e a Criação seja preservada na sua Casa Comum”.
Os membros da Cáritas Internacional frisaram também a sua vontade em serem cada vez mais “agentes de transformação do mundo, ajudando os outros a serem construtores do seu próprio destino” e “desafiando as estruturas que dificultam ou tornam impossível a busca da prosperidade”.
Um dos projetos destacados durante a assembleia geral da Cáritas Internacional foi a campanha ‘Partilha a Viagem’, ligada aos migrantes e refugiados, que decorreu nos mais variados países a nível global.
Uma iniciativa que, de acordo com a organização católica, “promoveu mudanças na vida e nas relações entre as pessoas, pedindo às nações para que partilhassem a viagem dos migrantes forçados, dos refugiados, das pessoas perseguidas”.
À luz das reflexões que foram feitas, nestes dias de assembleia, saiu a necessidade de “construir uma Cáritas cada vez mais forte, mais interligada e próxima”, atenta não só às dificuldades das comunidades que serve, mas também “aos seus membros mais frágeis”, dentro da confederação.
Na agenda da assembleia geral da Cáritas Internacional, que continuará a ser liderada pelo cardeal Luis Antonio Tagle, destacou-se uma audiência com o Papa Francisco, que também celebrou Missa com todos os participantes.
O Papa argentino alertou os participantes para a tentação de transformar a caridade num “negócio” ou de encarar esta missão com espírito “funcionário ou burocrata”.
Realce ainda para a eleição de um novo secretário-geral da confederação, com a escolha a recair no francês Aloysius John, nascido na Índia, de 62 anos, que até agora chefiava o departamento de desenvolvimento institucional e de capacitação da Cáritas Internacional.
G.I./Ecclesia:JCP