Papa Francisco rezou pela reconciliação e a comunhão entre católicos e ortodoxos.
O Papa rezou hoje na Roménia por um “caminho de fraternidade” que promova a “reconciliação e a comunhão” entre católicos e ortodoxos, desafiando-os a conservar as raízes cristãs da Europa.
“Suplicamo-Vos também o pão da memória, a graça de reforçar as raízes comuns da nossa identidade cristã, raízes indispensáveis num tempo em que a humanidade, particularmente as gerações jovens, correm o risco de se sentirem desenraizadas no meio de tantas situações líquidas, incapazes de fundamentar a existência”, declarou, num encontro de oração que decorreu na nova catedral ortodoxa da Salvação do Povo.
O templo, conhecido como “catedral nacional” de Bucareste, acolheu a recitação do Pai-Nosso em latim e romeno, pontuada pela execução de hinos de Páscoa católicos e ortodoxos, num simbólico gesto ecuménico.
Numa intervenção em forma de oração, Francisco invocou a “concórdia” para a humanidade.
Pedimo-la pela intercessão de tantos irmãos e irmãs na fé que moram juntos no vosso céu, depois de ter acreditado, amado e sofrido muito – mesmo em nossos dias – pelo simples facto de serem cristãos”.
O Papa convidou a rejeitar quaisquer dinâmicas guiadas pelas “lógicas do dinheiro, dos interesses, do poder”.
“Enquanto nos encontramos mergulhados num consumismo cada vez mais desenfreado, que cega com fulgores cintilantes, mas efémeros, ajudai-nos, Pai, a crer naquilo que rezamos: renunciar às seguranças cómodas do poder, às seduções enganadoras da mundanidade, à vazia presunção de nos crermos autossuficientes, à hipocrisia de cuidar das aparências”, acrescentou.
Francisco desejou que a oração comum dê voz ao “grito” dos mais pobres, perante o individualismo e a indiferença.
“Ajudai-nos, Pai, a não ceder ao medo, nem ver um perigo na abertura; a ter a força de nos perdoarmos e prosseguir, a coragem de não nos contentarmos com a vida tranquila, mas de procurar sempre, com transparência e sinceridade, o rosto do irmão”, rezou.
Centenas de pessoas acolheram o líder da Igreja Católica diante da catedral ortodoxa, onde se ouviram gritos de “unidade” e “viva o Papa”.
O patriarca Daniel falou de um edifício “simbólico”, que representa o renascimento espiritual da Roménia, após os anos do regime comunista, no século XX.
Este responsável explicou que a oração com o Papa quis ser uma forma de agradecimento pelos 426 lugares de culto colocados à disposição dos ortodoxos romenos, na Europa ocidental, pela Igreja Católica.
Daniel ofereceu a Francisco um mosaico com a figura de Santo André, padroeiro espiritual da Roménia; este discípulo de Jesus era irmão de São Pedro, o primeiro Papa.
A Igreja Católica e as Igrejas ortodoxas continuam separadas desde o Cisma de 1054, tendo estas últimas desenvolvido um modelo de autoridade próprio, de cariz nacional, pelo que os vários patriarcados são autónomos e o patriarca ecuménico de Constantinopla (atual Turquia) tem apenas um primado de honra, como ‘primus inter pares’.
A primeira visita do Papa Francisco à Roménia, 20 anos depois da viagem de São João Paulo II a Bucareste, iniciou-se esta manhã e decorre até domingo.
G.I./Ecclesia:OC