Plataforma de Apoio aos Refugiados destaca papel «fundamental» das comunidades locais na integração.
O coordenador da Plataforma de Apoio aos Refugiados (PAR) afirmou que a reinstalação de 1010 refugiados em Portugal ainda está “bastante aquém daquilo que seria expectável”, face ao compromisso assumido com a União Europeia.
“Os números que temos disponíveis apontam para à volta de 200 pessoas que já chegaram. Na plataforma já há muito tempo que iniciamos junto das instituições de acolhimento, que correspondem às 92 que fizeram parte do programa de acolhimento de famílias refugiadas, que possam ser acolhidas pela mesma rede”, referiu André Costa Jorge pelo Dia Mundial do Refugiados 2019, promovido pela ONU, que se assinala esta quinta-feira.
Em entrevista à Agência ECCLESIA, o responsável contextualiza que o programa de reinstalação prevê que, até ao final este ano, “possam chegar a Portugal cerca de 1010 pessoas” que estão em campos de refugiados na Turquia e no Egito, identificados pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR).
André Costa Jorge, do Serviço Jesuíta aos Refugiados (JRS-Portugal), adianta que têm feito chegar junto do Governo a “preocupação” para que os números dos refugiados acolhidos possam “rapidamente ser aqueles que todos” esperam.
A PAR nasceu em 2015 e o seu coordenador realça que procuram “ser uma resposta da sociedade civil” e “não substituir-se ao Estado” porque entendem que “este problema” deve ser “uma preocupação dos Estados de forma solidária, no caso concreto da Europa”.
O entrevistado sublinha que são as comunidades locais que “desempenham um papel fundamental na integração” dos refugiados, no que são as “fases seguintes ao acolhimento de emergência”, com os “sentimentos de apaziguamento e de pertença” e também de identificação das pessoas.
“Queremos dar o exemplo da sociedade civil portuguesa e europeia e galvanizar outros países para que o acolhimento se faça também a partir das comunidades locais”, acrescentou, destacando o “exemplo fundamental” da Paróquia de São Tomás de Aquino, no Patriarcado de Lisboa, que acolhe uma família monoparental desde 3 de maio de 2017.
Inês Espada Vieira, da referida paróquia lisboeta, explica que assumiram “este compromisso como resposta ao apelo do Papa Francisco” e que a integração é feita por um “grupo consistente”, para “fazer o que é da mais elementar justiça”.
“É dar possibilidade que as famílias possam organizar-se, reerguer-se, reiniciar o seu caminho; Acolhemos uma família monoparental mas é sempre preciso mais gente para se envolver em aspetos, às vezes, muito prosaicos do quotidiano, questões burocráticas e outras porque cada pessoa que acolhe traz algo que é uma riqueza na nova relação que se estabelece”, desenvolveu.
“Conhecer, respeitar, dialogar, estar preparada para se desiludir sem desistir das pessoas é também uma lição”, acrescentou Inês Espada Vieira, que está a comissariar a exposição ‘Estoutro’, promovida no contexto do Dia Mundial do Refugiado.
A Plataforma de Apoio aos Refugiados está a dinamizar a campanha ‘#fazemos parte’ que, segundo o seu coordenador, vai continuar enquanto existir “disponibilidade” e “vontade” do Estado português para acolher refugiados.
A ONU – Organização das Nações Unidas instituiu o Dia Mundial do Refugiado a 20 de junho de 2000; a Igreja Católica assinala o Dia Mundial do Migrante e Refugiado a 29 de setembro, para o qual o Papa Francisco escreveu a mensagem ‘Não se trata apenas de migrantes’.
G.I./Ecclesia:PR/CB/OC