Encontro no Vaticano vai discutir possível criação de «ministérios» próprios para o território.
O documento de trabalho para o Sínodo especial dos Bispos de 2019, divulgado ontem pelo Vaticano, admite a ordenação sacerdotal de homens casados, “preferencialmente indígenas”, tendo em mente a celebração dominical da Eucaristia nas regiões mais remotas da Amazónia.
O texto que vai orientar os trabalhos de outubro, na Santa Sé, aborda o tema dos “novos ministérios” para responder às necessidades dos povos amazónicos.
“Afirmando que o celibato é um dom para a Igreja, solicita-se que, para as áreas mais remotas da região seja estudada a possibilidade de ordenação sacerdotal para anciãos, preferencialmente indígenas, respeitados e aceites pela sua comunidade, mesmo que já tenham família constituída e estável, a fim de garantir os sacramentos que acompanham e sustentam a vida cristã”, pode ler-se.
Outro ponto passa por “identificar o tipo de ministério oficial que pode ser conferido às mulheres”, tendo em consideração “o papel central que hoje desempenham na Igreja amazónica”.
A assembleia especial do Sínodo dos Bispos para a Amazónia, convocada pelo Papa Francisco, vai reunir representantes católicos do Brasil, Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana Francesa, Guiana, Peru, Venezuela e Suriname.
A Santa Sé adianta que vão ainda ser convidados “homens e mulheres pertencentes aos povos amazónicos”, para que aí possam “transmitir os seus desejos e anseios mais profundos”.
A Igreja Católica é desafiada a promover “vocações autóctones de homens e mulheres” para poder promover uma “autêntica evangelização do ponto de vista indígena, segundo os seus usos e costumes”.
“Trata-se de indígenas que pregam aos povos indígenas a partir de um profundo conhecimento da sua cultura e sua língua, capazes de comunicar a mensagem do Evangelho com a força e a eficácia daqueles que têm a sua bagagem cultural”, pode ler-se.
O documento não fala do diaconado feminino, propõe que as mulheres tenham papéis de “liderança” e “espaços cada vez mais amplos e relevantes na área da formação: teologia, catequese, liturgia e escolas de fé e política”.
O ‘instrumentum laboris’ do Sínodo 2019 apela à transição de uma “Igreja que visita” para uma “Igreja que permanece” e está presente “através de ministros que surgem dos seus próprios habitantes”.
Os responsáveis católicos são chamados a estudar que “tipo de paróquia” pode responder aos novos desafios da pastoral urbana, nas regiões amazónicas, promovendo o diálogo ecuménico e inter-religioso.
O texto, em oito capítulos, encerra-se com uma reflexão sobre o papel “profético” da Igreja Católica, sublinhando a necessidade de denunciar os “atropelos dos povos e a destruição dos seus territórios”, com atenção “ao clamor da terra e dos pobres”.
Esta assembleia de bispos foi anunciada pelo Papa a 15 de outubro de 2017 e vai refletir sobre o tema ‘Amazónia: Novos caminhos para a Igreja e para uma ecologia integral’, de 6 a 27 de outubro de 2019.
O Sínodo dos Bispos pode ser definido, em termos gerais, como uma assembleia consultiva de representantes dos episcopados católicos de todo o mundo, a que se juntam peritos e outros convidados, com a tarefa ajudar o Papa no governo da Igreja.
Até hoje houve 14 assembleias gerais ordinárias e três extraordinárias, as últimas das quais dedicadas à Família (2014 e 2015); em outubro, o Vaticano recebe uma assembleia ordinária do Sínodo, sobre os jovens.
G.I./Ecclesia:OC