Bibliotecário e arquivista da Santa Sé foi escolhido pelo Papa como membro do Colégio Cardinalício.
O arcebispo português D. José Tolentino Mendonça, bibliotecário e arquivista da Santa Sé, vai tornar-se a 5 de outubro o sexto cardeal português do século XXI e terceiro a ser designado no atual pontificado.
O futuro cardeal madeirense junta-se assim a D. José Saraiva Martins, D. Manuel Monteiro de Castro, D. Manuel Clemente e D. António Marto no Colégio Cardinalício.
A 26 de junho de 2018, o Papa nomeou D. José Tolentino Mendonça como arquivista do Arquivo Secreto do Vaticano e bibliotecário da Biblioteca Apostólica, elevando-o à dignidade de arcebispo.
O até então vice-reitor da Universidade Católica Portuguesa orientou nesse ano o retiro de Quaresma do Papa Francisco e seus mais diretos colaboradores.
D. José Tolentino Mendonça nasceu em Machico (Arquipélago da Madeira) em 1965, tendo sido ordenado padre em 1990 e bispo a 28 de julho de 2018; é doutorado em Teologia Bíblica.
Consultor do Conselho Pontifício da Cultura (Santa Sé), foi reitor do Pontifício Colégio Português, em Roma, diretor da Faculdade de Teologia da Universidade Católica Portuguesa e diretor do Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura, da Igreja Católica em Portugal.
Biblista, investigador, poeta e ensaísta, Tolentino Mendonça foi condecorado com o grau de Comendador da Ordem de Sant’lago da Espada por Aníbal Cavaco Silva, presidente da República, em 2015.
Em entrevista à Agência ECCLESIA, a respeito do seu trabalho no Arquivo e Biblioteca da Santa Sé, o futuro cardeal destacou que a sua missão é “colaborar” com o Papa.
“Isso é muito bonito de ver, porque, no espírito de todos nós, as duas comunidades que trabalham diariamente nestas instituições, há esse serviço: nós somos colaboradores do Papa. Isso dá um sentido à nossa missão, que não teria se fosse só um projeto individual. Mas, mais importante até do que esta pessoa ou aquela, é estarmos todos juntos a colaborar para que o Papa possa governar a Igreja e ser a figura de Pedro, hoje”, indicou.
O brasão episcopal de D. José Tolentino Mendonça evoca a ligação histórica de Portugal ao Vaticano, numa homenagem “ao encontro de culturas e alargamento de mundos”.
A imagem apresenta um elefante, recordando que o primeiro desses animais a chegar à Europa, em particular a Roma, foi trazido pelos navegadores portugueses.
O escudo, de forma gótica, é sublinhado pelo lema episcopal do novo bibliotecário e arquivista da Santa Sé: “Olha os lírios do campo”.
Com o lírio, pretende-se assinalar o nome do arcebispo madeirense, José, e “colocar o seu ministério episcopal sob o olhar paterno de São José”, representado na iconografia cristã por essa flor.
No topo do escudo está uma Bíblia aberta com as letras gregas alfa e ómega, uma referência à pessoa de Jesus Cristo.
O primeiro madeirense no Colégio Cardinalício foi D. Teodósio Gouveia, natural de São Jorge, Santana; o arcebispo da então Lourenço Marques (Moçambique), foi criado cardeal por Pio XII, no consistório de 18 de fevereiro de 1946.
G.I./Ecclesia:OC